Testes genéticos beneficiam pacientes |
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![]() Apesar do Brasil estar na vanguarda do uso dessas modernas técnicas de diagnóstico, o acesso a elas tem se mantido concentrado na rede privada de saúde, e ainda assim, com restrições aos planos de saúde de padrão mais elevado. Até o momento, o número de testes genéticos listados na tabela de procedimentos do Sistema Único de Saúde (SUS) está aquém da demanda e das necessidades da população, contemplando somente testes para detecção de material genético viral e de outros microrganismos e detecções moleculares associadas a mutações de diferentes patologias, tais como as hemoglobinopatias e a fibrose cística. A oferta de testes genéticos pelo SUS poderá proporcionar, a médio e longo prazos, diversos benefícios, como a possibilidade de prevenção e rastreamento, o diagnóstico precoce e o tratamento personalizado, o aconselhamento genético, a economia de recursos direcionados a saúde em geral e o avanço em pesquisa e desenvolvimento. A inclusão dos testes genéticos pode auxiliar na identificação dos indivíduos com predisposição genética a certas doenças, o que possibilitará intervenções preventivas personalizadas mais precoces. No entanto, é de fundamental importância, não apenas a identificação, mas a busca por diagnósticos prévios. Com base nas informações genéticas, os tratamentos podem ser personalizados, resultando em terapias mais eficazes, assertivas e com menos efeitos colaterais. Contudo, é importante destacar a relevância do aconselhamento genético adequado para ajudar os pacientes a compreenderem melhor as implicações de um possível diagnóstico positivo, para a doença investigada. É sabido de que a oferta de testes genéticos exigirá um investimento inicial elevado, porém a detecção precoce e o tratamento personalizado podem levar a uma redução nos custos a longo prazo, evitando muitas vezes complicações mais graves e tratamentos mais dispendiosos. Além disso, a implementação de testes genéticos a ser realizada pelo SUS poderá estimular a pesquisa científica e o desenvolvimento de novas terapias, contribuindo para o avanço do conhecimento e aprimoramento da prática clínica. Apesar das vantagens que a adoção dos testes genéticos poderá proporcionar, existem muitos desafios que vêm dificultando esse processo, destacando-se três pontos principais, os custos, relativos ao preço da tecnologia, a capacitação profissional, pois há um limitado número de médicos geneticistas e outros profissionais da saúde capacitados, e a incorporação por parte das fontes pagadoras, garantido o acesso a uma maior parcela da população. Considerando este cenário, as parcerias público-privadas parecem ser, até o momento, o caminho mais eficiente para a inclusão de um leque mais abrangente de testes genéticos à tabela de procedimentos do SUS. Percebendo isso, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e a Illumina, empresa sediada nos EUA e líder no segmento de decodificação de informação genética, concretizaram uma parceria durante o ano de 2023, com vistas a reforçar e ampliar a adoção de testes genéticos contemplados pelo SUS. Além de suprir as demandas em termos quantitativos, a parceria irá ampliar a oferta de exames em diferentes especialidades e suas respectivas necessidades no país, tais como a da oncologia, das doenças infecciosas, da tuberculose, das arboviroses, e das doenças sexualmente transmissíveis, entre outras, otimizando a estrutura do SUS e possibilitando a sua expansão, com redução do custo do sequenciamento, que ocorrerá a partir da instalação de novos sequenciadores. Com a criação do Grupo de Trabalho para Acesso à Genômica (GTAG), no qual somam esforços os principais players de diagnóstico genômico do país, espera-se que em um futuro não muito distante, a maior parte da população brasileira possa se beneficiar com a utilização dos mais variados testes genéticos.
21/12/2023
Arlei Maturano - Equipe Biotec AHG |
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