Logotipo Biotec AHG

Farmacogenômica aplicada à depressão

Imprimir .
De acordo com Organização Mundial da Saúde (OMS), 5% da população mundial adulta sofre de depressão, um transtorno mental que se caracterizada por tristeza persistente e falta de interesse ou prazer em atividades anteriormente gratificantes ou agradáveis, podendo alterar o sono e o apetite, sendo comuns também a sensação de cansaço e a falta de concentração. De origem multifatorial, a depressão possui tratamentos psicológico e medicamentoso.

Apesar do leque de variedades de medicamentos que a indústria farmacêutica oferece para o tratamento da depressão, já se sabe que cada indivíduo responde de forma diferente aos princípios ativos. Há anos, a farmacogenética vem estudando como as características genéticas individuais podem afetar a ação dos fármacos.

Com os avanços em pesquisa molecular, no que se refere à análise de DNA e à bioinformática, tem sido possível conhecer melhor os mecanismos dos efeitos farmacológicos, das diferenças genéticas nas diversas doenças, assim como dos polimorfismos em importantes genes, para a determinação das diferentes respostas aos fármacos entre os indivíduos, área conhecida como farmacogenômica.

A aplicação dos conhecimentos das duas áreas de pesquisa na medicina de precisão, garante maior assertividade no diagnóstico e tratamento dos pacientes e administração de drogas de forma personalizada, aumento as chances de sucesso no tratamento.

Um estudo liderado por pesquisadores da Universidade da Pensilvânia, teve como objetivo determinar se os testes farmacogenômicos afetam a seleção de medicamentos antidepressivos e se esses testes levam a melhores resultados clínicos no tratamento do transtorno depressivo maior (TDM). O artigo foi publicado na edição de julho (12), da revista médica Journal of the American Medical Association (JAMA).

A relevância desta pesquisa, destacada pelos pesquisadores no artigo, se deve principalmente pelo fato de que na maioria dos casos, a seleção de antidepressivos eficazes para o TDM ser uma prática imprecisa, com taxas de remissão de cerca de 30% no tratamento inicial.

O estudo realizou a comparação entre o tratamento direcionado pelos testes farmacogenéticos e os tradicionais, em uma amostragem de 1.944 pacientes acometidos pelo TDM, sendo que desses, 1541 completaram a pesquisa em 24 meses. Esse grupo de pacientes encontrava-se no início ou em processo de troca de tratamento, utilizando apenas um antidepressivo. A metade deles, foi submetida a testes farmacogenéticos, antes de receber uma prescrição, e os demais receberam o medicamento prescrito sem terem feito os mesmos testes.

Em um comunicado à imprensa, citado na edição de julho (12), pelo portal Inside the Precision Medicine, o médico psiquiatra e líder da equipe de pesquisadores, David Oslin, comentou que os genes testados no estudo não estão diretamente relacionados com a depressão, mas com a forma como um indivíduo metaboliza os fármacos. O papel dos genes estudados é o de fazer com que os medicamentos sejam metabolizados mais rapidamente ou mais lentamente.

Os resultados da pesquisa mostraram que as taxas de prescrição de medicamentos, com potencial para interagir com os genes, foram 40% menores no grupo de pacientes que tiveram o tratamento direcionado pelos testes farmacogenéticos, quando comparados com os que receberam o tratamento tradicional. Outro resultado bastante animador foi a maior porcentagem de indivíduos com remissão dos sintomas, em relação ao grupo que realizou estes testes.

De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, da American Psychological Association (APA), a remissão é definida como a ausência de sintomas e sinais significativos por um período prolongado, sendo, na prática, frequentemente conceitualizada como a ausência de sintomas por ao menos 3 meses.

Apesar dos resultados animadores, e que podem estimular o uso destes testes, Oslin comentou também que são necessários estudos mais aprofundados. Segundo ele, os dados que mais se destacaram foram dos pacientes que apresentaram genes que interfeririam significativamente com a medicação prescrita, entre 15% e 20%.
02/08/2022
Arlei Maturano - Equipe Biotec AHG
 

 © BIOTEC AHG 2023 - Todos os direitos reservados - São Paulo, Brasil.