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Inibidor trata insuficiência cardíaca

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A insuficiência cardíaca, segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), é uma doença em que o coração não consegue mais bombear sangue suficiente para o corpo, comprometendo as funções e necessidades do organismo. Embora possa se desenvolver repentinamente, ela é uma doença crônica de longo prazo que pode afetar os dois lados do coração. Como essa patologia compromete a função de bombeamento do sangue, este pode ficar acumulado devido ao retorno do fluxo sanguíneo, faltando oxigênio para órgãos e comprometendo as funções vitais. Há pessoas que estão mais propensas a desenvolverem insuficiência cardíaca, mas não há como afirmar quem realmente as terá esse problema. No Brasil, a causa mais comum que leva o indivíduo a esse quadro é a doença coronariana, que apresenta o estreitamento dos vasos que são os responsáveis por levar o oxigênio para o músculo do coração.

Um estudo desenvolvido por cientistas norte-americanos e brasileiros descobriu que, ao inibir a associação entre duas proteínas, é possível diminuir os efeitos da insuficiência cardíaca. As proteínas estudadas foram a mitofusina-1 – da mitocôndria – e a βIIPKC. Os resultados dessa pesquisa foram publicados na edição desse mês da revista Nature Communications.

A PKC é uma das três principais quinases serina-treonina. Ela está envolvida em eventos de transdução de sinais, respondendo a estímulos hormonais específicos, neuronais e de fatores de crescimento. Sua ação é a de catalisar a transferência de um grupo fosfato do ATP (adenosina tri-fosfato) a várias proteínas substrato. Da mesma forma, a PKC também sofre fosforilações antes de ser ativada, o que ocorre durante sua translocação do citosol para a membrana da célula. Já a mitodusina-1 é uma proteína, com atividade GTPase, onipresente e bem conservada, responsável por regular a dinâmica mitocondrial e bioenergética e mediadora de fusão mitocondrial.3,4.

No artigo, os pesquisadores comentaram também que em estudos anteriores ficou demostrado que a atividade da beta II proteína quinase C (βIIPKC) é elevada em corações fracos e contribui para essa patologia e que a sua inibição melhorou o funcionamento do coração acometido pela doença. Apesar disso, o bloqueio da sua atividade interferiu em outras funções importantes dessa proteína no tecido cardíaco. 

Nesta nova pesquisa, a equipe de cientistas observou que a βIIPKC acumula-se na membrana mitocondrial externa fosforilando a mitofusina-1 (Mfn1), no aminoácido serina (86). Essa fosforilação determina a perda parcial de sua atividade GTPase e acúmulo de mitocôndrias fragmentadas e disfuncionais na insuficiência cardíaca 4.

Para tentar solucionar esse problema, os pesquisadores utilizaram βIIPKC, inibidor global, com o objetivo de identificar a mitofusina-1 (Mfn1) como um substrato à jusante de βIIPKC, envolvido na progressão da insuficiência cardíaca 4. Dessa forma, foi possível mostrar que o βIIPKC associa-se ao Mfn14. 

Os pesquisadores descrevem no artigo que, com o uso de um peptídeo racionalmente projetado que antagoniza seletivamente a associação de Mfn1-βIIPKC (SAMβA), foi possível determinar a contribuição da interação Mfn1-βIIPKC e a resultante fosforilação de Mfn1, a morfologia mitocondrial e bioenergética e a patologia associada à insuficiência cardíaca 4. 

A equipe de cientistas acredita que esse estudo fornece evidências de que a inibição da interação excessiva Mfn1-βIIPKC e a fragmentação e disfunção mitocondrial resultantes, são críticas para a fisiopatologia associada à insuficiência cardíaca.

 
21/02/2019
Arlei Maturano - Equipe Biotec AHG