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Cientistas avançam na pesquisa da ELA

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De acordo com a ABrELA (Associação Brasileira de Esclerose Lateral Amiotrófica) ELA (Esclerose Lateral Amiotrófica), também conhecida como Doença de Lou Gehrig, é uma disfunção neurológica que causa paralisia progressiva em praticamente todos os músculos esqueléticos, comprometendo a motricidade dos membros, a fala, a deglutição e até mesmo, a respiração, é de natureza fatal.

Apesar de não haver cura para este mal, é possível o tratamento, que visa reduzir a piora progressiva da doença e o alívio dos sintomas, por meio de medicação específica para diminuir a progressão da patologia, juntamente com o apoio de uma equipe multidisciplinar que envolve fisioterapeuta, nutricionista, fonoaudiólogo, psicólogo e enfermeiro. Inclui também suporte respiratório com máscara de oxigênio, uso de cadeira de rodas, medidas ortopédicas de readaptação, exercícios de treino da deglutição, apoio psicológico entre outros.

Tendo em vista a melhoria na qualidade de vida dos pacientes acometidos por essa doença, uma equipe de pesquisadores liderados por cientistas da Universidade de Harvard (EUA), desenvolveu um estudo sobre um potencial novo tratamento para a ELA.

Os pesquisadores basearam-se no fato de que, quase na sua totalidade, os pacientes com esclerose lateral amiotrófica apresentam um erro na localização da proteína de ligação ao RNA (TDP-43) e que mutações em seu gene causam ELA hereditária, mostrando o metabolismo alterado do RNA como um mecanismo da doença.  Apesar disso, os RNAs regulados pela proteína TDP-43 nos neurônios motores e sua conexão com a neuropatia continuam a ser identificados.

Em pesquisas anteriores, os cientistas encontraram agregados de uma proteína chamados TDP-43 em neurônios de pacientes post-mortem com ELA. Essa proteína deveria estar no núcleo desses neurônios, no entanto ela estava sendo transportada e acumulada no citoplasma. Foi possível observar também que alguns dos genes em ação no proteassoma, estavam interagindo com o TDP-43 de uma forma que levou ao desenvolvimento da ELA, porém ainda não se sabe quais são esses genes e como estão agindo.

No artigo publicado na edição de janeiro desse ano da revista Nature Neuroscience, os cientistas descreveram transcrições que, sendo abundantes em neurônios motores humanos, se mostraram sensíveis à depleção da TDP-43. Foi possível observar também que a expressão do gene STMN2 (stathmin 2), que codifica um regulador de microtúbulos, declinou após a diminuição de TDP-43 e o erro na localização da TDP-43, ocorrendo em neurônios motores específicos de pacientes e medula espinhal de pacientes pós-morte.

De acordo com o artigo, a perda de STMN2, que ocorreu devido à redução da função do TDP-43, deveu-se ao splicing (remoção dos íntrons e união dos éxons durante a maturação do RNAm) alterado, que é funcionalmente importante, pois como foi observado, o STMN2 é necessário para o crescimento e regeneração normais dos axônios.

De forma significativa, a estabilização pós-translacional de STMN2 resgatou o crescimento de neurites e a regeneração de axônios deficientes, induzido pela depleção de TDP-43. A partir dessas descobertas, o grupo de cientistas acredita que a restauração da expressão de STMN2 seja uma estratégia terapêutica para ELA.

30/01/2019
Arlei Maturano - Equipe Biotec AHG