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Imunossensor para biomarcador CA19-9

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De acordo com o portal do INCA (Instituto Nacional do Câncer - José Alencar Gomes da Silva), os tumores de pâncreas mais comuns são do tipo adenocarcinoma (que se originam no tecido glandular), correspondendo a 90% dos casos diagnosticados. A maioria deles afeta o lado direito do órgão – conhecido como cabeça. Por ser de difícil detecção, o câncer de pâncreas apresenta alta taxa de mortalidade, por conta do diagnóstico tardio e de seu comportamento agressivo. No Brasil, é responsável por cerca de 2% de todos os tipos de câncer diagnosticados e por 4% do total de mortes por essa doença. É raro antes dos 30 anos, tornando-se mais comum a partir dos 60 anos.

Mediante o contexto atual, pesquisadores do Instituto de Física de São Carlos, da Universidade de São Paulo (IFSC-USP), em parceria com pesquisadores do Laboratório Nacional de Nanotecnologia (LNNano), do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), do Hospital de Câncer de Barretos e da Universidade do Minho (Portugal), criaram um imunossensor com o objetivo de detectar o tumor no pâncreas de forma mais precoce, com maior precisão e menor custo, quando comparado aos exames de rotina.

Os pesquisadores desenvolveram um imunossensor contendo eletrodos de ouro interdigitados e revestidos com uma monocamada automontada e uma camada de anticorpos anti-CA19-9, que é capaz de detectar o biomarcador de câncer pancreático CA19-9 usando espectroscopia de impedância elétrica. O antígeno de câncer 19-9 (CA 19-9), é uma proteína que existe na superfície de algumas células cancerosas, no entanto, ele não provoca o câncer, mas é liberado pelas células tumorais, o que o torna útil como um marcador tumoral para acompanhar a evolução da doença. O CA 19-9 apresenta-se elevado em cerca de 70% das pessoas com câncer avançado de pâncreas, mas também pode estar aumentado em outros cânceres, condições e doenças como câncer colorretal, etc. Essa técnica baseia-se em princípios elétricos ou eletroquímicos.

No artigo publicado no mês de julho da revista científica Analyst, os pesquisadores explicam que as elevadas sensibilidade e seletividade do imunossensor, são decorrentes da adsorção específica e irreversível de CA19-9 em seu anticorpo correspondente. Essa propriedade foi descoberta a partir dos dados da espectroscopia de absorção de reflexão infravermelha modulada por polarização (PM-IRRAS). A adsorção é um fenômeno físico-químico, no qual o componente numa fase gasosa ou líquida é transferido para a superfície de uma fase sólida.

Em entrevista à Agência FAPESP, o professor do IFSC-USP e um dos criadores do dispositivo, Dr. Oliveira Junior, comentou que a equipe produziu o imunossensor com a arquitetura mais simples possível para imobilizar anticorpos da proteína CA19-9. Ele lembrou que “para conseguir obter alta sensibilidade ao antígeno, a arquitetura de imunossensores que foram desenvolvidos antes era mais complicada, pois utilizava mais materiais e tinha mais etapas de construção”.

O dispositivo funciona por meio da interação entre os anticorpos e os antígenos, a qual gera um sinal elétrico e a sua intensidade permite determinar se há ou não uma elevada quantidade de CA19-9 no material coletado. De acordo com o artigo, seria possível detectar CA19-9 em amostras comerciais com um limite de detecção de 0,68 U mL −1, assim como fazer a distinção entre amostras de soro sanguíneo de pacientes com diferentes concentrações do biomarcador.

O artigo revela também que ao se tratar os dados de capacitância com métodos de visualização de informação, foi possível verificar a seletividade e a robustez do imunossensor, no que diz respeito a falsos positivos, tais como as amostras contendo maiores concentrações de CA19-9, incluindo aquelas de células tumorais, poderiam ser distinguidas daquelas com possíveis interferentes.

Apesar de acreditarem que a técnica já pode ser usada na prática clínica, os pesquisadores entendem que há dois entraves para seu uso, quais sejam, a produção em larga escala, com resultados idênticos para todos os biossensores, e a análise dos dados gerados pelos testes, com o objetivo de estabelecer padrões de detecção.  
24/10/2018
Arlei Maturano - Equipe Biotec AHG
 

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