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Novos caminhos genéticos das Miopatias

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De acordo com o artigo entitulado Large-Scale GWAS Identifies Multiple Loci for Hand Grip Strength Providing Biological Insights into Muscular Fitness, publicado na revista científica Nature Communications, a força do aperto de mão é um parâmetro muito utilizado para se conhecer a capacidade muscular de um indivíduo, que serve como um marcador de fragilidade e que permite predizer a ocorrência de morbidades e diversas causas de mortalidade.

Em entrevista ao site GEN (Genetic Engineering & Biotechnology News), o Dr. Robert Scott comentou que, "Embora há muito tempo suspeita-se do papel da genética na variação da força muscular, as recentes descobertas dão os primeiros insights sobre algumas das variantes genéticas específicas que sustentam a variação nessa força". O Dr. Scott co-liderou o estudo com Sara M. Willems e Nick Wareham, ambos Ph.D., e outros colegas da Unidade MRC de Epidemiologia da Faculdade de Medicina Clínica da Universidade de Cambridge no Reino Unido. Ainda de acordo com o médico, “estes podem ser passos importantes para a identificação de novos tratamentos para prevenir ou tratar a fraqueza muscular ".

Foram estudados as determinantes genéticas da variação na força de pressão do aperto de mão, a partir de uma análise genética em larga escala de uma amostra combinada de 195.180 indivíduos.

Esses loci gênicos, de acordo com o artigo, estão associados à máxima força de pressão manual ao nível do genoma. Uma série de variantes foi localizada dentro ou muito próxima a genes relacionados à estrutura e função das fibras musculares esqueléticas, manutenção neuronal e transdução de sinal no sistema nervoso central e periférico. As análises de hereditariedade particionadas indicaram que houve o enriquecimento significativo do tecido muscular esquelético, do SNC, do tecido conjuntivo e do tecido ósseo, como resultados da força de aderência do genoma. Os pesquisadores relataram também, a existência de evidências da etiologia genética compartilhada entre massa magra e força da pressão, enquanto as análises das rotas metabólicas indicaram um papel para os genes envolvidos na regulação do catabolismo proteico, na etiologia da força de pressão.

Outra importante descoberta feita pelos cientistas foi a da existência de regiões cromossômicas ligadas à força de pressão, que contêm genes relacionados à miopatias e síndromes monogênicas graves e raras, apesar de não haver evidências que confirmem a associação casual entre genes ligados à força de pressão muscular e nem o risco de mortalidade, risco de doença cardíaca coronariana ou mesmo ataque cardíaco.

Foi encontrada também uma ligação genética causal entre genes relacionados à força muscular e a redução do risco de ocorrência de fraturas, sugerindo que tanto as determinantes genéticas para a força muscular, quanto para o risco de fratura são compartilhadas.

Dos 16 loci associados à força de pressão que foram encontrados, alguns contêm genes relacionados com a estrutura e função das células musculares esqueléticas (ACTG1), manutenção neuronal e transdução de sinais (PEX14, TGFA, SYT1) ou síndromes monogênicas com envolvimento de prejuízo psicomotor (PEX14, LRPPRC e KANSL1). Além dessas classes de genes, foi descoberta também uma variação comum no gene ACVR2B, que codifica o principal receptor de miostatina e ativina no músculo esquelético e que está associada a variações na força de pressão.

Os resultados levaram a equipe a acreditar que a descoberta pode servir de embasamento para o desenvolvimento de drogas que ajudem a reverter a atrofia muscular e melhorar a função física. A equipe concluiu que novas pesquisas genéticas e funcionais, para caracterizar esses loci, poderão elucidar outras rotas metabólicas envolvidas na regulação da força muscular e trazer novas informações sobre o desenvolvimento de drogas para combater a perda de massa e fraqueza muscular.

Ainda na mesma entrevista, os cientistas comentaram “que o próximo passo chave para chegarem mais perto da tradução, é identificar genes específicos que, estão próximos a essas associações genéticas, e as consequências moleculares desse processo para, a partir desse ponto poder identificar potenciais alvos dessas drogas. As evidências encontradas sugerem que esses alvos com suporte genético, têm maiores chances de sucesso, ao contrário daqueles que não possuem essa tecnologia.

Os pesquisadores esclarecem no artigo que, "embora essas variantes identifiquem importantes vias metabólicas relacionadas à etiologia da força muscular, a extensão dos efeitos individuais dessas variantes é pequeno, por isso não é possível preverem que essas venham ser usadas para triagem".

27/07/2017
Arlei Maturano - Equipe Biotec AHG
 

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