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Tratamento para linfoma elimina HIV

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Apesar da ciência ainda não ter descoberto a cura para a AIDS, houve uma grande evolução no tratamento contra o HIV, vírus causador da doença, com o advento dos medicamentos antirretrovirais. Em consequência disso, a sobrevida dos pacientes aumentou significativamente.  

A terapêutica antirretroviral tem como metas reduzir a carga viral,  preservar e melhorar o funcionamento do sistema imunológico, contendo a evolução da doença e modificando o desenvolvimento natural da infecção. Desta forma, previne-se a ocorrência das manifestações oportunistas associadas ao HIV, melhorando e prolongando a qualidade de vida do doente. 

Mesmo com todo esse avanço, diversas pesquisas vêm sendo realizadas buscando a cura para esta doença e, apesar dos resultados animadores, existem ainda muitas ressalvas. Em alguns casos, tratamentos para outras doenças têm obtido efeitos secundários positivos no controle e as vezes na eliminação do HIV.

Na Conferência da Sociedade Internacional da AIDS ocorrida em Kuala Lumpur (Malásia), o pesquisador especialista em HIV do Brigham and Women’s Hospital, Boston (EUA), Timothy Henrich, anunciou a possível cura da AIDS em dois homens que passaram  por um transplante de células-tronco para o tratamento de um linfoma no sangue.

Um dos pacientes já havia recebido essas células há três anos e o outro há cinco, no intuito de substituir as células sanguíneas produzidas na medula óssea. Em ambos os casos, os médicos constataram, há cerca de um ano, que não era possível mais detectar o vírus HIV no organismo de ambos. Na continuidade do tratamento para a AIDS,  foi cancelada a administração dos anti- retrovirais sem efeitos prejudiciais, ou seja,  não foi encontrado nenhum traço da presença do vírus no sangue.

Caso seja constatada a cura de ambos os pacientes tratados no hospital de Boston, esses dois casos se juntarão ao de Brown e de um bebê, nascido no estado norte-americano do Mississipi. No tratamento de Brown, diferente do que foi dado aos outros dois homens, ele recebeu células-tronco já resistentes ao HIV,  devido a uma proteína mutante, codificada pelo gene CCR5 proveniente do doador, que é necessária para a capacidade de infecção do vírus.  

Este gene codifica um membro da família dos receptores beta quimiocina , que é uma das sete proteínas transmembranares, semelhantes a receptores acoplados à proteína G. Esta proteína é expressa por células T e macrófagos, e é conhecido por ser um importante co-receptor para o vírus macrófago-trópico, incluindo o HIV, para entrar nas células hospedeiras. Alelos defeituosos destes genes foram associados com a resistência à infecção por HIV.

Como as células estaminais que os pacientes de Boston receberam não tinham a mutação de proteção, os médicos acreditam que elas devem ter sido protegidas da infecção por meio dos medicamentos antirretrovirais  administrados durante o tratamento do câncer. Eles atribuem o fato a uma resposta imune conhecida como enxerto-versus-doença do hospedeiro, que se caracteriza por uma reação pós-transplante em que as células doadas matam as células do próprio paciente, o que pode ter acabado com os reservatórios de HIV nos pacientes, causando uma possível cura dos homens.

Os resultados obtidos com os dois pacientes do hospital de Boston mostram que os antirretrovirais podem proteger as células transplantadas, já que os mesmos não receberam a terapia de células com a mutação.  Apesar da importância dessa descoberta para os indivíduos infectados pelo HIV e que precisam de transplantes,  os médicos estão cautelosos, pois o próprio procedimento (transplante) por si só tem  risco elevado.

Esse importante achado levou a uma mudança nos tratamentos, de forma que se mantenham os pacientes infectados e com câncer recebendo os antirretrovirais durante a terapia do transplante. Da mesma forma, o International Maternal Pediatric Adolescent AIDS Clinical Trials (IMPAACT) Group, Maryland (EUA), tenta copiar o tratamento com a mutação CCR5 que confere resistência ao HIV, a partir de sangue retirado de cordão umbilical, em adultos e crianças infectados e com câncer.

11/07/2013
Arlei Maturano - Equipe Biotec AHG
 

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