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Nova estratégia de combate à Dengue

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Um estudo realizado em Iquitos, no Peru, analisou fatores importantes na escolha do local onde a fêmea do mosquito Aedes aegypti deposita seus ovos. Neste ano, uma manifestação da doença, nesta mesma cidade, matou 14 pessoas. O mosquito responsável não foi o clássico, mas sim uma cepa asiático-americana do tipo 2. Esta cepa difere do tipo clássico por ser bastante virulenta e deixar o paciente em choque dentro de algumas horas.

Os pesquisadores da Universidade da Califórnia e da 6ª Unidade Naval de Pesquisa Médica, em Lima, buscaram características do local onde são depositados os ovos como a densidade de ovos e pulpas da mesma espécie, o tamanho do recipiente e a exposição ao sol.  Eles descobriram que o fator determinante para a escolha do lugar era a abundância de larvas.

O esvaziamento de recipientes com água parada é uma das medidas de prevenção recomendadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Estes locais contem grande número de larvas e ovos do mosquito e são, portanto, um foco importante para a detenção da proliferação do Aedes aegypti.

Porém, os resultados obtidos na pesquisa realizada no Peru dizem outra coisa. Como o mosquito escolhe lugares infestados para a postura de ovos, se estes locais forem eliminados, ele irá procurar um novo sítio, e a medida de prevenção não será tão eficiente.

A nova estratégia seria adicionar Reguladores de Crescimento de Insetos (IGR, do inglês Insect Growth Regulators) nestes focos de infestação. Os IGRs não matam os ovos e as larvas, mas sim as pulpas. Ao tratar locais com estes reguladores, são criados “tanques de ovos” que atraem a fêmea.

Segundo o estudo publicado na PLoS Neglected Tropical Diseases de 12 de abril, este tratamento é uma forma de reduzir o número de mosquitos adultos. Além disso, os atrativos químicos que influem na escolha do local para fazer a postura podem ser usados em armadilhas.

A autora da pesquisa Jacklyn Wong disse ao Sci.Dev.Net que estas descobertas podem ajudar a melhorar as técnicas atuais de controle. O IGR pode ser combinado à estratégia que utiliza os mosquitos para transportar inseticidas para o local onde se reproduzem. Desta forma, as fêmeas carregariam o IGR para os sítios de postura de ovos, disseminando-o.

No Rio de Janeiro, um estado bastante afetado pela doença, foram registradas, desde o início do ano até 24 de abril, 43 mortes causadas pela dengue, segundo dados da secretaria estadual de Saúde. Até a mesma data, foram notificados 63 mil casos suspeitos nesse estado. A dengue reemergiu no município do Rio de Janeiro em 1986 e, a partir deste ano, tornou-se endêmica, mas com alguns anos epidêmicos. Em anos não epidêmicos, a média das taxas de incidência é de 27 casos por 100.000 habitantes, enquanto a média dos anos epidêmicos é de 470 casos.

19/05/2011
 

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