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Estudo revela mecanismos gustativos

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Dados alarmantes sobre o consumo mundial de açúcar vêm causando uma enorme preocupação em médicos e cientistas de todos os países. De acordo com a recomendação da Associação Americana de Cardiologia, mulheres devem consumir no máximo 100 calorias por dia, o que equivale a 25 gramas (seis colheres de chá), distribuídos em diferentes tipos de alimentos, já para homens, essa quantidade sobe para 150 calorias por dia, ou 37,5 gramas (nove colheres de chá).

No entanto, e de acordo com a associação, o consumo dos norte-americanos é três vezes maior do que o recomendado pela instituição. No Brasil, a consumo de açúcar teve um crescimento expressivo nos últimos 60 anos, impulsionado, principalmente, por alterações no padrão de ingestão e no crescimento vegetativo da população. Na década de 1930, o consumo médio anual de açúcar era de 15 quilos por habitante. Já nos anos 1940, esse número aumentou para 22 e na década de 1950 passou a ser de 30 quilos por pessoa, passando para 32 nos anos 1960. Em 1970, a média era de 40 quilos e, em 1990, esse índice estabilizou-se em 50 quilos por habitante.

Essa alteração no hábito do consumo de açúcar pela população mundial, impulsionado por diversos fatores, vem demandando uma série de pesquisas que possam esclarecer, fisiologicamente, esse comportamento. É neste contexto que se insere o estudo liderado pelo pesquisador do Monell Chemical Senses Center, Filadélfia, EUA, Robert Margolskee, publicado na edição online de janeiro da revista Proceedings of the National Academy of Sciences. Nele, os cientistas descobriram que o número de receptores para detecção de açúcar nas células gustativas, é maior do que já se sabia.

A informação de que se tem conhecimento é que a atuação conjunta dos receptores T1R2 + T1R3, constitui o principal mecanismo de detecção de açúcar por essa classe de células. Apesar disso, experimentos realizados com camundongos geneticamente modificados, mostraram que, mesmo com o T1R3 inativado, os animais foram capazes de peceber a glicose e outros açúcares.

Estudando o aspecto gustativo nesses animais, os pesquisadores encontraram indícios de que o receptor TR1 teria uma atuação sensorial para diversos açúcares, independente. Analisando essa sua característica particular, os cientistas procuraram determinar se as células gustativas expressavam o transportador de glicose (GLUT) e os sensores metabólicos para o gosto de açúcar em outros tecidos.

Por meio da técnica de PCR-RT (PCR Real Time), hibridização in situ, e imunohistoquímica, os pesquisadores constataram que diferentes tipos de GLUT, um cotransportador de sódio-glicose (SGLT1) e dois componentes do sensor metabólico KATP (SUR1 e Kir), foram expressos de forma seletiva nas células gustativas.

Foi constatado também que GLUT4, SGLT1 e SUR1 foram expressos preferencialmente em células gustativas T1R3 e que cerca de 20 por cento das papilas fungiformes dos animais eram compostas por canais de KATP. Esses dados mostram que, pelo fato da maioria dos receptores para gosto T1r3 também expressarem SUR1, é grande a chance de que canais de KATP constituam a maior parte dos canais de potássio em subconjuntos de células gustativas T1r3.

Mediante o cenário de um elevado consumo de açúcar por grande parte da população  mundial, esse estudo fornece informações importantes para um controle efetivo de doenças como a obesidade e o diabetes.
18/03/2011
Arlei Maturano - Equipe Biotec AHG
 

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