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Origem periférica do Mal de Parkinson

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Cientistas da Universidade de São Paulo (USP) estão dando uma importante contribuição para os estudos sobre o Mal de Parkinson. Por meio de um experimento com modelos genéticos, eles descobriram alguns sinais de que essa doença pode ter origem periférica, ou seja, no sistema nervoso autônomo (SNA) e não apenas no cérebro. O SNA é a parte do sistema nervoso que está relacionada ao controle da vida vegetativa, ou seja, controla funções como a respiração, circulação do sangue, controle de temperatura, digestão e etc. 

Esse estudo vem se somar aos já realizados por outros grupos de pesquisadores, como por exemplo, o de norte-americanos, que mostrou o caso de um paciente com diagnóstico da doença aos 56 anos, mas que já apresentava os sintomas periféricos e redução de dopamina no coração. O artigo com os resultados pode ser encontrado na edição de fevereiro de 2010 da revista Cleveland Clinic Journal of Medicine. Na Alemanha e no Japão, cientistas estão buscando entender o papel do SNA na origem da doença.

Para investigar a possível origem da doença no SNA, os cientistas brasileiros, coordenados pelo esteorologista e professor associado do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ) da USP, Antonio Augusto Coppi, utilizaram 20 camundongos geneticamente modificados, de modo a expressarem o gene alfa-sinucleína - o primeiro gene identificado como causador da mutação que acarreta o Mal de Parkinson.

Os animais usados nos experimentos tinham um mês de idade, mas as análises foram feitas aos três e seis meses com o objetivo de observar o surgimento e a cronologia de evolução da doença. De acordo com as informações passadas pelo estudioso brasileiro à Agência FAPESP, a origem do Parkinson em órgãos periféricos foi confirmada em todos os animais, mas só vindo a atingir o cérebro posteriormente.

Como resultado dos experimentos, os pesquisadores constataram que os animais doentes com seis meses mostravam alterações periféricas muito maiores, quando comparadas às dos animais com três meses. A novidade nesse estudo foi a utilização da estereologia – também chamada de morfometria, é um conjunto de métodos de quantificação de estruturas morfológicas e que permite a contagem minuciosa de partículas em 3-D e 4-D.

O uso dessa técnica possibilitou a visualização do coração dos animais em quatro dimensões e a partir daí, observar com grande precisão as alterações na estrutura do miocárdio, do plexo nervoso e do sistema excito - condutor cardíaco.

De acordo com Coppi, o modelo genético, utilizado no estudo atual, se mostrou mais eficiente e confiável do que o químico, no qual foram injetadas drogas nos animais, afim de simular a doença. Apesar dos resultados terem sido satisfatórios, não se sabe ao certo se os sintomas nos animais ocorreram devido ao Parkinson ou a alguma neurointoxicação pela droga.

Os pesquisadores acreditam que os neurônios do sistema nervoso autônomo periférico, que inervam os diferentes órgãos, sofrem degeneração pela doença, afetando-os de forma a provocar sintomas periféricos inespecíficos, ou seja, uma fase da doença muitas vezes imperceptível. Esse processo tem como conseqüência diversas alterações no funcionamento dos órgãos, contexto que foi relatado nos experimentos dos pesquisadores brasileiros e que coincide com os resultados da pesquisa dos cientistas norte-americanos.

As informações obtidas até o momento, a partir dos experimentos realizados por cientistas de diferentes países, podem ser muito úteis na identificação de uma nova rota de origem do Mal Parkinson.
04/02/2011
Arlei Maturano - Equipe Biotec AHG
 

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