Logotipo Biotec AHG

Fibroblastos convertidos em sangue

Imprimir .

A edição do dia sete de novembro da revista científica Nature, traz um artigo que mostra os resultados do estudo com células-tronco adultas desenvolvido pelo diretor científico do McMaster's Stem Cell and Cancer Research Institute (Canadá), Mick Bhatia, e sua equipe de pesquisadores.

Foi somente em 1988 que as células-tronco foram descobertas, primeiramente em camundongos, e apefnas em 1990 é que se soube da existência em humanos. A primeira notícia que se tem de estudos utilizando células-tronco de embriões humanos data de 1998, nos Estados Unidos. Essas células, também chamadas de pluripotentes, têm a capacidade de se transformar em outro tipo celular.

O artigo intitulado, “Direct conversion of human fibroblasts to multilineage blood progenitors”, mostra a capacidade que os fibroblastos dérmicos humanos têm de gerar células progenitoras e maduras do tecido hematopoiético (tecido que origina o sangue), sem estabelecer a pluripotência. Isso significa dizer que, para produzir células sanguíneas, a partir de células da pele (tecido epitelial), não há a necessidade de transformar estas últimas em pluripotentes para que, a partir desse estágio, possam ser formadas as células do sangue.

De acordo com o estudo, fatores como a expressão ectópica do OCT4 (do inglês, octamer-binding transcription factor 4) – fator de transcrição hematopoiético – aliado ao tratamento com citocina – grupo de moléculas envolvidas na emissão de sinais entre as células durante o desencadeamento das respostas imunes – possibilitam a produção de fibroblastos que expressam o marcador de leucócitos CD45 – uma proteína tirosina fosfatase (PTP), localizada em células hematopoiéticas, exceto eritrócitos e plaquetas.

Essas novas células epiteliais são capazes de originar linhagens de diferentes tipos de lefucócitos, tais como os granulócitos, os monócitos, os megacariócitos – células da medula óssea responsáveis pela produção de plaquetas – e os eritróides - série de células na linhagem dos glóbulos vermelhos nos vários estágios de diferenciação.

Como resultado das observações, os pesquisadores perceberam que a ativação dos processos ligados às células hematopoiéticas adultas, compatível com o estágio de pluripotência para a geração de células sanguíneas, é diferente da hematopoiese – processo de formação, desenvolvimento e maturação dos elementos do sangue – que envolve as células-tronco pluripotentes em que os processos embrionários são ativados.

Essas informações são um indicativo de que a recuperação da multipotência dos fibroblastos humanos pode levar a uma nova forma de reprogramação celular, no caso de terapias celulares autólogas. A intenção dos pesquisadores é dar segmento às pesquisas utilizando essa técnica para produzir outros tipos celulares a partir das células da pele humana.

A técnica de reprogramação celular poderá se tornar a solução para um dos grandes problemas na área de transplantes de medula óssea, que é a escassez de doadores, além de contribuir para a produção de células hematopoiéticas destinadas ao uso na medicina regenerativa e pesquisas das doenças do sangue.

12/11/2010
Arlei Maturano - Equipe Biotec AHG
 

 © BIOTEC AHG 2023 - Todos os direitos reservados - São Paulo, Brasil.