Logotipo Biotec AHG

Reação imune ao ácido siálico

Imprimir .
Pesquisadores da Universidade da Califórnia, San Diego, EUA, conseguiram demonstrar que a presença do açúcar, ácido siálico - N-glicolilneuramínico (Neu5Gc) - em alguns tipos de drogas pode desencadear reações inflamatórias em certos indivíduos. A descoberta foi publicada na edição do dia 25 de julho da revista Nature Biotechnology. Esse ácido é mais abundante em seres eucarióticos e contribui na diferenciação de glicoesfingolípideos.

Os ácidos siálicos mais comuns em células de mamíferos, tais como os chimpanzés e gorilas, são o ácido N-acetilneuramínico (Neu5Ac) e o ácido N-glicolneuramínico (Neu5Gc). Os seres humanos são uma exceção, devido a uma mutação no ácido CMP-siálico hidroxilase ocorrida num ancestral humano em comum com os grandes símios.

Analisando a composição de diversos medicamentos, os pesquisadores descobriram que algumas glicoproteínas recombinantes produzidas em linhagens de células de mamíferos não humanos, com ou sem soro animal, são em muitas ocasiões modificados na presença do ácido siálico Neu5Gc, o qual não é encontrado em seres humanos. Apesar de não ter sido documentada nenhuma reação adversa devido à presença dessa molécula, estudos recentes mostraram que todos os indivíduos possuem anticorpos específicos para o Neu5Gc.

Nesse estudo, trabalhando com dois anticorpos monoclonais em uso clínico - cetuximab (Erbitux) e panitumumab (Vectibix), os cientistas demonstraram a presença de Neu5Gc ligado covalentemente em cetuximab, mas não no panitumumab. Eles observaram que os anticorpos humanos saudáveis, anti-Neu5Gc, interagiram com o cetuximab de forma específica e geraram complexos imune, in vitro.  

Utilizando camundongos com um defeito na síntese de Neu5Gc, os pesquisadores observaram a produção de anticorpos contra esse ácido, depois que os animais receberam a injeção de Neu5Gc com o cetuximab. Além disso, eles notaram que os anticorpos circulantes anti-Neu5Gc podem eliminar a droga.

Para tentar solucionar o problema de resposta imune a partir de determinadas drogas, os pesquisadores adicionaram o ácido siálico humano, Neu5Ac, a uma cultura de linhagens de células humanas e não humanas. De acordo com o estudo a versão humana do ácido concorre com a versão animal (Gc), diminuindo as chances de a Gc estar presente no produto final.

Os resultados desse estudo podem ajudar na melhoria de diversos aspectos relacionados às glicoproteínas terapêuticas, tais como a meia vida, a eficácia e a imunogenicidade.
30/07/2010
Arlei Maturano - Equipe Biotec AHG
 

 © BIOTEC AHG 2023 - Todos os direitos reservados - São Paulo, Brasil.