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Célula-tronco ainda não é capaz de regenerar

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Um estudo elaborado por pesquisadores da Alemanha, divulgado no Journal of The American Medical Association, informou que células-tronco adultas não recuperam o coração depois de um infarto miocárdio. Com base em estudos anteriores feitos em animais, acreditava-se que células sanguíneas podiam se instalar na zona lesada do coração e se transformar em células do músculo cardíaco, porém, as células provenientes da medula óssea não foram capazes de regenerar o órgão em humanos.

A equipe de Dietlind Zohlnhöfer, da Universidade Técnica de Munique, usou o fator de crescimento celular G-CSF que seleciona as células-tronco da medula óssea e as transporta para o local onde foi feita a lesão do infarto. Nos estudos alemães, os pacientes que sofreram infarto agudo do miocárdio eram submetidos à angioclastia para reperfusão dos tecidos, 56 dos 114 pacientes estudados receberam o fator G-CSF, enquanto os outros foram tratados com placebo entre fevereiro de 2004 e fevereiro de 2005.     Em termos gerais, o resultado foi o mesmo: não foi visto nenhuma melhora com hormônio, tão pouco melhoras no funcionamento do coração ou redução do dano causado pelo infarto. Segundo Dietlind Zohlnhöfer disse em entrevista à Folha de São Paulo, é preciso entender melhor a biologia básica das células antes de realizar mais testes clínicos.

A possibilidade de que esta experiência daria certo animava os cientistas porque o coração tem uma pequena capacidade de regeneração depois de um ataque cardíaco. Por outro lado, a reposição de células mortas no tecido cicatricial impediu a função do músculo cardíaco. Outro ponto relevante seria que o hormônio G-CSF é conhecido como bastante tolerante por ser frequentemente utilizado em células para transplante de medula óssea. Em muitos testes com o fator G-CSF foi avaliado que o desempenho do coração melhorou; o que indicaria que o tratamento teria sucesso. Porém, após as pesquisas alemãs, descobriu-se que todos estes dados não levaram à conclusão esperada.

O Dr. Robert A. Kloner, da University of Southern Califórnia, atribui a diferença de resultados em experimentos com animais à falta de um grupo controle. Ele observa que células cardíacas danificadas podem ter recuperação espontânea mesmo sem a presença do hormônio, desta forma, a recuperação teria sido falsamente atribuída ao tratamento. Para ele, é necessário fazer outros estudos com grupo controle. Já o Dr. Dietlind Zohlnhöfer diz que isso não é motivo para desanimo, ele acredita que outros métodos que usem as células-tronco para recuperação de tecidos cardíacos poderiam obter resultado.

Segundo uma revisão feita pelo jornal Circulation, muitos benefícios da manipulação de variadas células nos músculos cardíacos lesados nos últimos 10 anos,  provavelmente não foram causados por verdadeiras regenerações das células, mas sim por efeitos colaterais inesperados, como a secreção celular de hormônios. É afirmado também que às vezes estas terapias não são entendidas completamente como as pesquisas que ainda analisam novas descobertas sobre aspirina.

  
03/03/2006
 

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