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Descoberto gene da obesidade e diabetes

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Um gene que tem capacidade de regular a reação do corpo à insulina foi associado à obesidade e à diabete tipo 2, afirmaram esta semana cientistas do Imperial College de Londres, num artigo publicado pela revista especializada Nature Genetics. 

A descoberta contribui para esclarecer por que o excesso de peso pode provocar a diabete tipo 2, que aparece na idade adulta. Segundo os pesquisadores, versões defeituosas do gene ENPP1 prejudicam a maneira como o corpo armazena energia e lida com o açúcar, ao bloquear a produção do hormônio insulina.     De acordo com Phillippe Froguel, que liderou a pesquisa, crianças com tais versões genéticas já são obesas aos cinco anos de idade. "Um diagnóstico precoce, seguido de uma intervenção, poderia salvar muitas vidas", disse. 

O médico ressalta que é extremamente preocupante o fato de as crianças que apresentam essa mutação genética desenvolverem a obesidade muito cedo, e a diabete, na meia idade. 

Uma das propostas de Froguel é a adoção de políticas de saúde que visem incentivar a indústria a diminuir a quantidade de açúcar e gordura dos alimentos, além de estimular a família a fazer mais exercícios.     Processo     Os cientistas observaram 62 famílias francesas propensas à diabete e obesidade e as compararam com famílias que não apresentavam o problema. Foram comparados os genes de 1.225 crianças obesas ou acima do peso, aos cinco e 11 anos de idade, aos de 1.205 crianças com peso normal. Com isso, eles identificaram que muitas das crianças obesas apresentavam um padrão-comum: versões defeituosas do ENPP1. 

Dando seqüência à pesquisa, os pesquisadores examinaram mais de 4.000 pessoas, obesas ou não, no norte da Europa. Nessa fase, encontraram 11 variações dos genes, chamadas de polimorfismos do nucleotídeo. Seis dessas formas estavam associadas à obesidade grave. 

A análise dos adultos das famílias mostrou ligações semelhantes entre as variantes do ENPP1 e a obesidade e também outra entre os genes com defeito e os sinais precoces de diabete. O gene ainda foi relacionado à agressiva diabete do tipo 2 nos adultos.     Obesidade    Os níveis de obesidade vêm crescendo nas últimas décadas em todo o mundo. Segundo dados publicados em 1997 pela Associação Brasileira de Estudos da Obesidade (ABESO), no Brasil, 38,5% dos homens e 39% das mulheres estão acima do peso. 

Por outro lado, o censo nacional de 1989 contabilizou que 7,6% da população entre 30 e 69 anos têm diabete. Já, o Ministério da Saúde calcula que, desde 2001, são 11 milhões de diabéticos no País.     Diabetes e obesidade são fatores de risco para doenças fatais, como as cardíacas. Além da carga genética, freqüentemente, a obesidade é associada à falta de atividades físicas e à má alimentação, enquanto os problemas metabólicos conduzem à diabete.     Prevenção     Segundo o dr. Froguel, apesar de a descoberta não levar à criação de uma "pílula mágica" para a cura da obesidade e da diabete do tipo 2, ela ajudará a identificar indivíduos e grupos de alto risco. 

Ela também poderá, no futuro, levar a novos tratamentos para esses problemas, que ameaçam cada vez mais pessoas no mundo.  "Se pudermos identificar os indivíduos sob risco em uma idade mais precoce, será possível tomar medidas preventivas mais cedo reduzir o ônus à saúde causado pela obesidade em etapas posteriores da vida", afirmou. 

Possibilidades

O gene ajuda a controlar como as células respondem à insulina, que por sua vez as ajuda a usar a glicose de forma eficiente. Nos diabéticos, as células não usam a insulina corretamente, e por isso o sangue fica com excesso de glicose.     A diabete tipo 2 se desenvolve lentamente. No início, apenas com uma resistência à insulina. Pessoas obesas ou acima do peso são muito mais propensas a terem resistência à insulina, mas não está claro para os cientistas se o que ocorre antes é a diabete ou a resistência. 

Nas crianças analisadas pela equipe de Froguel, mais genes ENPP1 pareciam mimetizar os efeitos da resistência à insulina no cérebro, onde ela suprime o apetite. Portanto, é possível que essa forma dos genes interfira tanto sobre o apetite quanto sobre a capacidade do uso correto da insulina.     Froguel acredita que a identificação do ENPP1 como um mecanismo molecular para a obesidade e a diabete será importante para o desenvolvimento de novas terapias e tratamentos, levando a formas mais efetivas de tratar a diabete.  
25/07/2005
 

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