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Pesquisa com príons ajuda a entender ação do mal da vaca louca

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Em um trabalho apresentado recentemente na publicação científica Science, pesquisadores do Instituto Nacional de Saúde do EUA apresentaram novas evidências sobre como os príons (proteínas anormais produzidas pelo organismo capazes de prejudicar os tecidos nervosos) atuam junto às células nervosas de ratos.    Os resultados, segundo os pesquisadores do Instituto, “foram surpreendentes”. Em laboratório, eles conseguiram desenvolver ratos imunes à ação dos príons. 

De caráter degenerativo, as doenças causadas pelo acúmulo destas proteínas no organismo não tem cura, levando à morte progressiva das células nervosas. 

Uma das formas mais conhecidas do problema é o mal da vaca louca, doença que tem causado enormes perdas em rebanhos ao redor do mundo. A variante humana, chamada Doença de Creutzfeldt-Jackob (CFJD, na sigla em inglês) também é incurável.

De acordo com os pesquisadores, o segredo da ação dos príons estaria justamente na forma como as defeituosas interagem com as células cerebrais. Agrupados em placas, eles se ancorariam na membrana externa destas células, produzindo efeitos nocivos e levando à morte celular.

A pesquisa sugere ainda que, se for possível impedir a ligação das proteínas com esta membrana, talvez haja uma forma de desenvolver tratamento para o mal. 

“Precisamos observar este aspecto como uma das metas para a administração de remédios”, disse o Dr. Bruce Chesebro, líder da equipe de pesquisas.    Pistas    Segundo o Dr. Chesebro, encontrar pistas em pesquisas com príons “é uma tarefa muito difícil”.

Para conseguir a façanha, os pesquisadores desenvolveram ratos geneticamente modificados, cujas células cerebrais não possuíam a camada de gordura (formada por lipídios) comum a este tipo de tecido. 

Em seguida, os pesquisadores injetaram príons diretamente no cérebro destes ratos e também de ratos comuns.

Passado algum tempo, todos os 70 ratos comuns apresentaram sinais da doença. No entanto, entre os 128 ratos modificados, nenhum apresentou sintomas durante mais de 600 dias, tempo suficiente para que a doença tivesse se manifestado.

A equipe observou que, no cérebro dos ratos modificados, as placas de príons se formaram, mas não chegaram a se fixar na membrana externa, o que impediu sua ação letal sobre o tecido. 

Mesmo assim, os pesquisadores ainda não sabem como exatamente as proteínas agem sobre o cérebro.

Agora, a meta da equipe do governo norte-americano é avaliar se existem, nos ratos modificados, sintomas de degeneração cerebral, como perda de memória e outros efeitos.  
13/06/2005
 

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