Pesquisa marca avanço de estudos com células-tronco |
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A comunidade científica internacional comemora
o anúncio de um avanço histórico na pesquisa genética. O sucesso de uma
equipe sul-coreana na criação das primeiras células-tronco embriônicas
humanas - que podem ser desenvolvidas conforme as necessidades dos pacientes,
sem riscos de rejeição - foi encarado como um marco para a medicina. Os pesquisadores da Universidade Nacional de Seul - os mesmos que produziram o primeiro clone de um embrião humano em 2004- retiraram material genético das células da pele de seis adultos e três crianças, portadores de diabetes, lesão de medula espinhal e deficiência imunológica congênita, doenças ainda sem cura. Em seguida, retiraram o núcleo de 185 óvulos doados e injetaram neles o material genético dos nove pacientes, homens e mulheres de dois a 56 anos. Assim, formaram-se os blastocistos - embriões com cinco ou seis dias de vida, de onde os pesquisadores obtiveram as linhagens celulares para os pacientes. Com as células-tronco obtidas, a equipe conseguiu diferenciar no laboratório precursores de nervos, músculos e cartilagem, o que pode ser o primeiro passo para a criação de tecidos para transplantes. Tentativas Os resultados da pesquisa foram veiculados no site da revista Science, uma das publicações científicas mais respeitadas do mundo. No artigo, os cientistas sul-coreanos explicam que não seria seguro utilizar os óvulos que passaram pela transformação para fins reprodutivos. O novo estudo dá seqüência a um trabalho divulgado pelos cientistas no ano passado. Na ocasião, eles transferiram material genético de uma mulher para dentro de um dos óvulos dela. No entanto, o índice de sucesso da experiência não admitia aplicações práticas. Em mais de 200 tentativas, apenas uma delas permitiu o desenvolvimento de uma cultura de células-tronco. Com a técnica, agora aprimorada, os estudiosos estimam que uma em cada dez ou 15 tentativas dá resultado. Dessa vez, foram utilizados óvulos e material genético de pessoas sem vínculo de parentesco, muitas vezes com sexo e idades diferentes. Promessa "Essa pesquisa representa um imenso passo rumo ao dia em que as mais devastadoras doenças e ferimentos poderão ser curados com o uso de células-tronco terapêuticas", afirma o professor Woo Suk Hwang, pesquisador-chefe do estudo. Segundo Ian Wilmut, o cientista que criou a ovelha clonada Dolly, esse é um passo muito significativo rumo ao uso de células-tronco em terapias. Muitos médicos acreditam que, com a clonagem terapêutica, poderão curar, no futuro, doenças mais graves. Experimentos já conseguiram unir nervos cortados em ratos com danos na coluna vertebral por meio de células-tronco. Os animais recuperaram certa capacidade de movimento. Com as células-tronco de indivíduos doentes, os cientistas poderão observar em proveta o início de problemas como a doença de Alzheimer e buscar novas fórmulas para seu tratamento. Compartilhamento Os cientistas sul-coreanos devem colocar o acesso a esse estudo à disposição de pesquisadores de todo o mundo. Para tanto, o governo daquele país pretende criar um Centro Nacional de Pesquisas com Células-Tronco, que conterá as linhagens já criadas. Logo que o Centro esteja formado, esse material estará disponível para distribuição. Isso é possível porque, após estabelecida a linhagem, o manejo laboratorial adequado permite que as células se mantenham pluripotentes, isto é, capazes de se transformar em muitos tecidos do organismo e de sofrer sucessivas divisões.
22/05/2005
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