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Cientista brasileiro cria vacina contra câncer de pele e de rim

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O cientista da USP, José Alexandre M. Barbuto, juntamente com uma equipe de pesquisadores do Departamento de Imunologia, do Instituto de Ciências Biomédicas da USP, desenvolveu a primeira vacina para o tratamento de melanoma (forma agressiva de câncer de pele) e do câncer de rim, denominada HybriCell. 

Trata-se de uma vacina produzida individualmente, que mobiliza o sistema imunológico para que reconheça o tumor como inimigo e o combata. Ela interrompe o avanço da doença em 80% dos casos e aumenta significativamente a sobrevida de pacientes terminais.

Segundo o dr. Barbuto, o tumor possui diversos mecanismos de escape e é capaz de criar uma estrutura que impede a ativação do sistema de defesa do organismo. Ele inibe a ação das células dentríticas -, responsáveis por revelar que as defesas do corpo foram vazadas e alertar o organismo sobre a presença dos antígenos - pois não permite sua maturação.    Técnica    Conforme o pesquisador, a técnica utilizada na criação da vacina consiste em fundir as células dentríticas retiradas do sangue de doadores saudáveis com células tumorais retiradas do paciente. Elas recebem um pulso elétrico e as membranas celulares que as revestem se fundem, resultando em uma célula com dois núcleos. 

Para que essa célula não se multiplique, recebe uma dose de radiação, que a esteriliza. O processo de produção da vacina envolve o uso de dez milhões de pares de células com esse método.

A primeira dose é aplicada um mês depois da extração do tumor. O tratamento consiste em pelo menos duas doses, com intervalo de seis semanas entre cada aplicação.

De acordo com o cientista, o sistema imune fica desorientado quando detecta células geneticamente muito parecidas com as do corpo, mas não exatamente iguais. "Ele encara o antígeno como inimigo e ataca todas as células tumorais que encontra", afirma.    Resultados    O desenvolvimento da vacina consumiu dez anos de estudos e os seus testes foram realizados entre 2001 e 2003, com 35 pacientes. Os resultados promissores foram apresentados na Cancer Immunology, Immunotherapy, uma das mais conceituadas publicações da área.    O método criado pelo pesquisador não cura o câncer nem substitui a quimioterapia e a radioterapia. Recebe a denominação de vacina pois estimula o sistema imune, no entanto, seu uso é terapêutico e não preventivo. 

A vacina foi aprovada pela Anvisa apenas para casos de melanoma e tumores de rim, mas a técnica está sendo utilizada também no combate de outros tipos de câncer, como mama, bexiga, próstata, cólon e leucemia. 

Preparada individualmente para cada paciente, a Hybricell só pode ser solicitada por oncologistas. Os efeitos colaterais são altamente toleráveis, como febre moderada e vermelhidão no braço. Ela é comercializada pelo Grupo Genoa -, empresa de biotecnologia nascida da sociedade entre patologistas do Hospital Sírio Libanês, em São Paulo - e a dose custa cerca de R$ 3.500.

O pioneirismo que rege a pesquisa brasileira colocou o País em evidência no cenário científico mundial. Atualmente diversos estudos nesse segmento estão em curso no mundo, mas até o momento poucos se mostraram eficientes a ponto de chegar ao mercado. Nos Estados Unidos os pesquisadores ainda não chegaram a uma vacina eficiente.

Já no Canadá e na Austrália existem vacinas para os pacientes com melanoma, a Melacine e a M-Vax, respectivamente.  
17/05/2005
 

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