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Estudo questiona segurança dos transgênicos

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Na semana passada, o governo britânico divulgou os resultados de uma pesquisa realizada nos últimos anos envolvendo lavouras transgênicas. Na série de estudos, realizadas há quase cinco anos no país, foram comparadas plantações de quatro diferentes culturas e os impactos sobre a biodiversidade causados pelo cultivo das variedades geneticamente modificadas.

Os dados, que deverão constar nas próximas edições da revista “Proceedings of the Royal Society B”, foram levantados em pesquisas com plantações de milho, beterraba e canola.

No último estudo da série, cujos resultados foram agora apresentados, foram estudadas plantações de uma variedade específica de canola (a de inverno), que apresentaram resultados negativos para as culturas transgênicas.

Agrotóxicos

As conclusões do estudo britânico indicam que plantações geneticamente modificadas produzem maiores efeitos negativos sobre o meio ambiente do que as variedades comuns. O motivo, no entanto, não seria sua composição genética, mas a utilização excessiva de herbicidas neste tipo de cultura.

“O estudo demonstra a importância que têm os efeitos dos diferentes herbicidas na biodiversidade em plantações e áreas próximas”, disse David Bohan, um dos pesquisadores envolvidos no estudo.

De acordo os cientistas, “as plantações transgênicas dão aos agricultores mais opções de controle de ervas daninhas, que implicam em diferentes pesticidas e diferentes quantidades aplicadas”, disse o relatório. Assim, os impactos causados à biodiversidade destas culturas seriam excessivos, ocasionados em função da agressividade dos produtos utilizados. 

As plantas estudadas foram geneticamente modificadas com a finalidade de resistir a estes herbicidas.

A aplicação dos agrotóxicos nas plantações transgênicas influenciou diretamente não só as ervas daninhas, mas também as populações de insetos que habitam estas plantações.   Assim, o número de borboletas caiu pela metade, e a quantidade de abelhas diminuiu um terço nestas culturas, além de pássaros e outras plantas que dependem da existência das ervas daninhas eliminadas.

Segundo Chris Pollock, chefe do Comitê de Direcionamento Científico da pesquisa, “os estudos destacaram que o que é bom para o fazendeiro não é sempre bom para as populações de ervas, insetos e pássaros que dividem aquele espaço”.

No único estudo cujos resultados foram favoráveis aos transgênicos, demonstrando que as culturas modificadas podem causar menos impacto à biodiversidade local do que as convencionais, os resultados não são animadores. Apesar dos resultados, o agrotóxico exigido para a plantação é tão destrutivo que estava para ser banido da União Européia.

Mais problemas

Além dos maus resultados apresentados pela pesquisa britânica, a empresa norte-americana Syngenta, uma das maiores produtoras de sementes geneticamente modificadas para a agricultura, apresentou más notícias no dia 23 de março.

A empresa informou que, nos últimos quatro anos, um erro de informação fez com que lotes de uma variedade transgênica de milho (a variedade Bt10), à época não aprovada para venda, fossem comercializados. O erro, segundo especialistas, colocaria em cheque o sistema atual de rastreabilidade das sementes e controle das plantações.

A Syngenta possuia autorização para produzir e comercializar uma variedade de milho conhecida por Bt11, mas acabou produzindo e vendendo toneladas de milho BT10, uma variedade que ainda não estava aprovada. Ambas possuem genes do Bacillus thuringiensis, que permite às plantas produzir um pesticida, mas diferem quanto à composição genética.     De acordo com pesquisadores, a diferença resume-se a apenas “algumas” bases nitrogenadas (unidades básicas da composição do DNA), “que não codificam para a toxina em questão”, ou seja, não interferem no funcionamento da planta.

Pesquisas posteriores, realizadas pela própria empresa e pelo governo norte-americano, indicam que as duas variedades não possuem muitas diferenças e afirmam que a comercialização do milho BT10 não representaria riscos à sociedade.

Os lotes vendidos incorretamente pela Syngenta nos últimos anos representam uma quantidade equivalente a 150 km2 de plantações, o equivalente a 0,01 % do total plantado neste período nos Estados Unidos.  
27/03/2005
 

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