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Parlamentares Britânicos devem propor estudos com quimeras

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Segundo o jornal britânico The Observer, um grupo de influentes parlamentares do país deve anunciar, nos próximos dias, o apoio a um tipo de pesquisa que poderá gerar ainda mais discussões sobre o uso de embriões humanos em estudos científicos: as quimeras, seres híbridos contendo material genético humano e animal. 

Além disso, os parlamentares, integrantes do Comitê de Ciência e Tecnologia da Câmara dos Comuns, devem propor a clonagem de embriões humanos para fins terapêuticos, e pedir para que pais tenham o direito de escolher o sexo de seus filhos “por motivos sociais”, alegando que isto não causaria “nenhum dano à sociedade ou ao indivíduo”.

O documento, que vai de encontro à lei britânica atual, na qual a clonagem de embriões humanos é proibida, propõe ainda que os casais possam “modificar geneticamente o embrião”, defendendo tratamentos de fertilidade que permitam a “escolha de embriões livres de doenças genéticas”.    Quimeras    “À parte os argumentos em defesa dos direitos dos animais, não está claro porque esta idéia deveria ser menos aceitável do que descartar o embrião, o que seria a alternativa mais provável”, defende o relatório.

Como argumento para a liberação, o documento traz citações do embriologista Henry Leese. Segundo ele, pouco se sabe acerca do desenvolvimento de embriões humanos em outros organismos. “Tal estudo poderia levantar dados valiosos sobre as causas da infertilidade humana e do aborto”, afirma o relatório.    Para alguns cientistas, quanto maior for o conhecimento humano em estudos com animais, maior será a possibilidade de desenvolvimento de novas drogas, órgãos para transplante e outras medidas. Em função disso, a Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos está prestes a aprovar algumas definições sobre o assunto que deverão levar a diversos experimentos nesta área.

Pesquisas científicas envolvendo quimeras, inclusive, já são realizadas hoje em dia em alguns países. Na Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, por exemplo, o biólogo molecular Irwing Weissman tem produzido ratos que possuem células nervosas humanas. 

Em seu experimento, Weissman introduz as células nos ratos enquanto ainda são fetos, produzindo uma linhagem que possui cerca de 1% de material genético humano. No entanto, o pesquisador pretende, com o tempo, conseguir gerar ratos que possuam um cérebro composto 100% de material genético humano.

“Pró-ciência”

Segundo dados do jornal britânico, as conclusões do relatório foram consideradas fortes demais até mesmo por alguns membros do Comitê, gerando reações contra a chamada “pró-ciência” extrema do documento.

Devido ao posicionamento do texto, o Comitê foi completamente dividido, com cinco parlamentares contrários ao documento. Acredita-se que o relatório tenha sido conduzido pelos parlamentares Ian Gibson, biólogo, e Evan Harris, porta-voz para assuntos de saúde dos Liberais Democratas.    O Dr. David King, do instituto britânico Human Genetics Alert, no Reino Unido, avisa: “a ética utilizada neste tipo de estudo, no qual não é possível dizer “não” a nada, é a da inexistência de ética. Este extremismo desacredita o comitê e a causa política que ele está expondo”, concluiu.  
23/03/2005
 

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