Logotipo Biotec AHG

FAO pede calma em relação a “mal da vaca louca”

Imprimir .
A doença voltou à pauta do noticiário internacional após o recentes caso da doença diagnosticada em uma cabra na França e também depois da morte de um cidadão japonês pela doença de Crautzfeld-Jackob (vCJD), que pode ser causada pela ingestão de carne bovina contaminada.

Neste último dia 7 a organização divulgou um comunicado no qual faz o pedido e reforça que os acontecimentos, além da contaminação da cabra e da morte do cidadão japonês,  que visitou a Inglaterra anos antes, não devem ser considerados um perigo.

Como justificativa, a FAO informa que tratam-se de “casos isolados” da doença, e que sua detecção deve-se exatamente aos procedimentos de prevenção que estão sendo realizados.

Em relação aos três casos descobertos recentemente no Canadá e um caso nos Estados Unidos (de um animal importado), a Organização atribui o fato extamente ao rigorosos procedimentos em vigor atualmente nos dois países.

De acordo com a organização, em 2004, “mais de 176 mil animais foram testados somente nos EUA”, de uma população de 95 milhões de cabeças. No Canadá, que possui 14 milhões de cabeças de gado, mais de 21 mil testes foram aplicados no ano.

Em dezembro, um cidadão de aproximadamente 50 anos morreu no Japão em função da vCJD, mas a causa da doença ainda não foi confirmada.  Há 15 anos ele esteve na Inglaterra, mais ou menos na época em que surgiram os casos da doença. 

A notícia mina os esforços norte-americanos para conseguir exportar carne bovina ao país, proibida desde 2003.

Outro fator apresentado como indicativo de confiança é a diminuição no número de casos da doença verificados nos últimos anos na Europa Ocidental, que no período de 2001 a 2002 apresentou diversos casos da doença. “Europa Oriental, Israel e Japão também tiveram casos da doença”, lembra o comunicado. 

A Encefalopatia Espongiforme Bovina (BSE, na sigla em inglês), ou Mal da Vaca Louca, é uma doença degenerativa do sistema nervoso bovino que causa enfurecimento e desequilíbrio do animal (daí o termo “vaca louca”). 

Acredita-se que ela seja causada pelo acúmulo anormal de uma proteína (os príons) no cérebro do gado, e que a ingestão de carne bovina contaminada pode causar, em humanos, uma variante conhecida como doença de Creutzfeldt-Jakob (vCJD), também mortal.

A BSE, que foi identificada pela primeira vez na Inglaterra em 1986, é causada pela adição de restos de carne e osso bovinos na ração dos animais. Em funçao do mal, desde 2001 a prática está completamente banida da Europa. Nos últimos dez anos, 148 pessoas já morreram da doença, a maioria no Reino Unido.

Cabra louca

A cabra com BSE encontrada na França foi o primeiro animal destinado ao consumo humano, diferente dos bovinos, a contrair o mal. Acreditava-se que as cabras eram afetadas apenas por uma variante da doença incapaz de ser transmitida aos humanos.

No comunicado, a FAO fez questão de ressaltar que “este foi apenas um caso em milhões, e a cabra nasceu antes da Europa definir as imposições e restrições à utilização de carne e ossos bovinos no preparo da ração animal, em 2001”.

A nota enfatizou, ainda, a necessidade de se manter um enfoque “constante e científico” no tratamento do gado em países não afetados pela doença, como forma de impedir a disseminação do mal. 

Para isso, apresenta como fatores essenciais os sistemas de rastreabilidade (através de identificações nas orelhas e/ou sistemas eletrônicos), os testes compulsórios de animais suspeitos e, também, a preocupação constante de produtores e veterinários da área.

“Ainda existe falta de entendimento sobre BSE e como ela pode ser detectada e controlada”, diz Speedy. A doença pode ser identificada apenas em animais adultos, e os animais que devem ser testados são aqueles que morrem ou que estão confinados. 

“Não há sentido em testar todos os animais dos matadouros, mesmo porque são muito jovens para se detectar a BSE”, ressaltou o especialista. “Deve-se lembrar que os sintomas variam e que as vacas infectadas podem não parecer agitadas e ‘loucas”, concluiu.

Como precaução, a FAO está atualmente trabalhando com especialistas suíços para dar treinamento a veterinários e pessoas em países da Ásia, América Latina e Oriente Médio. 

A Suíça identificou o primeiro caso da doença em 1990, chegando ao pico de 68 casos em 1995. “Foram apenas três casos em 2004, demonstrando a eficiência do sistema de prevenção da Suíça”, ressaltou Speedy. O país conta hoje com um apurado sistema de identificação e registro do gado, além de um programa científico de testes e medidas de prevenção na alimentação animal.
08/02/2005
 

 © BIOTEC AHG 2023 - Todos os direitos reservados - São Paulo, Brasil.