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Transplante inédito pode curar diabetes tipo 1

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Nas últimas semanas médicos japoneses e canadenses realizaram, com sucesso, o primeiro transplante de células pancreáticas à partir de um doador vivo. A técnica, desenvolvida em 2000, no Canadá, e aprimorada nos últimos meses no Japão pode ser a mais nova possibilidade de tratamento e cura para a Diabetes tipo 1. 

O procedimento, conhecido como “Protocolo de Edmonton”, consiste no transplante de células do pâncreas de um doador à pessoa doente. As células transplantadas, denominadas “ilhotas pancreáticas”, são responsáveis pela produção de insulina no organismo, e regulam os níveis de açúcar no sangue.    A equipe responsável pela operação, formada por médicos japoneses, é coordenada pelo Dr. James Shapiro (um dos pioneiros no desenvolvimento da técnica), da Universidade de Alberta, no Canadá, e pelo Dr. Koichi Tanaka, do Hospital da Universidade de Kyoto.    A técnica    O “Protocolo de Edmonton”, como ficou conhecida, é uma técnica desenvolvida desde o ano 2000 por pesquisadores da Universidade de Alberta. Eles buscavam um novo método para conseguir transplantar, com sucesso, as ilhotas pancreáticas. Pelas técnicas tradicionais, quando transplantadas para o pâncreas do receptor, muitas destas células não funcionavam corretamente, sendo comuns os casos de rejeição e outros problemas.

Pensando nisso, os pesquisadores, liderados pelo Dr. James Shapiro, decidiram realizar uma manobra até então inédita: o transplante de células não para o pâncreas, mas para o fígado dos pacientes. A operação realizada em 2001, foi um sucesso.

Os médicos canadenses utilizaram as células pancreáticas retiradas de um doador comum (diagnosticado com morte cerebral) e as inseriram diretamente na principal veia do fígado. Alojadas no órgão, o processo de vascularização (surgimento de veias) foi completo e, apesar de estarem em um local diferente do original, as células logo começaram a produzir insulina, e puderam reverter o quadro de diabetes do paciente.

De acordo com os médicos, após a técnica o número de transplantes de sucesso subiu de 8 para 84 por cento dos casos. Além de serem alojadas no fígado, o “protocolo de Edmonton” também possui diferenças quanto ao número de células transplantadas e às drogas para evitar a rejeição do paciente.    Doador vivo    No Japão, os médicos conseguiram agora mais um feito inédito: a realização do transplante destas células à partir de um doador vivo. “A razão pela qual estamos muito felizes quanto à operação é porque geralmente esta operação é feita com doadores que tiveram morte cerebral” diz o Dr. Shapiro.

“Geralmente as ilhotas pancreáticas estão em más condições de uso por causa das baixas temperaturas do resfriamento e do tempo de transporte e o pâncreas está danificado pelas toxinas que circulam pela corrente sangüínea após a morte cerebral”, completa.

Na operação, os médicos transplantaram as células de uma mulher de 56 anos para sua filha diabética, de 27 anos. Primeiro foi removida uma parte do órgão da doadora, e somente depois uma equipe selecionou as células produtoras de insulina que seriam utilizadas.

Para a operação, a mãe da doadora estava em perfeito estado de saúde, enquanto sua filha estava há meses na fila de espera. Antes da operação, ela já havia sofrido vários ataques de coma em função das baixas taxas de glicose no sangue.

Segundo o Dr. Shapiro, os resultados até agora foram impressionantes, e as células transplantadas começaram a produzir insulina minutos após a operação. “Esperamos que estas células funcionem melhor do que aquelas retiradas de doadores com morte cerebral, apesar de ainda ser cedo para afirmar algo”, disse. Após a cirurgia, os níveis de glicose da paciente ficaram normais.    Com a nova técnica, os médicos acreditam que o tempo de espera por um doador, que pode chegar a anos, possa diminuir muito. “A operação no doador é relativamente segura, mas obviamente não é completamente livre de riscos potenciais” alertou o médico. Confiante, ele espera que, em breve, outras pessoas possam submeter-se à cirurgia.  
09/02/2005
 

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