Logotipo Biotec AHG

Cientistas seqüenciam bactéria altamente infecciosa

Imprimir .
Uma equipe internacional de pesquisadores anunciou ter finalmente seqüenciado por completo o código genético de um dos micróbios mais infecciosos do planeta, a bactéria Francisella tularenses. 

A preocupação dos cientistas, encontra-se na utilização do micróbio como arma biológica. Em humanos, assim com em animais, ela causa uma doença chamada tularemia, também conhecida como "febre do coelho".    Apesar disso, a F. tularensis não costuma representar um grande risco para a humanidade quando encontrada na natureza, uma vez que raramente são registrados casos da doença ao redor do mundo.

Segundo o professor Bill Keevil, microbiologista da Universidade de Southampton, no Reino Unido, "até recentemente não havia muito interesse (na bactéria) em termos de saúde pública, pois não há muitos casos da doença na população britânica".

"Obviamente, sob a ótica do terrorismo, existe mais interesse", completou o professor. O microorganismo está no topo da lista de possíveis armas biológicas, devido a seu alto poder de contaminação.

Para se ter uma idéia de seu potencial de infecção, apenas dez bactérias são suficientes para causar a doença em seres humanos. Estudos da Organização Mundial de Saúde indicam que se uma carga de 50 kg do organismo for pulverizada sobre uma região com 5 milhões de habitantes, por exemplo, cerca de 19 mil pessoas morreriam, e outras 250 mil ficariam doentes.

"As pessoas ficam doentes por semanas e até meses. É uma infecção que deixa as pessoas realmente debilitadas", afirmou o professor Titball.

Genes desconhecidos

Cientistas suecos, britânicos e norte-americanos estiveram envolvidos no processo de sequenciamento da F.Tularensis. O estudo, publicado na revista Nature Genetics, revelou que a bactéria possui algumas seqüências de genes desconhecidas, nunca antes vista pelos cientistas. 

Eles imaginam que os trechos desconhecidos de DNA devam estar ligados à alta capacidade de infecção do organismo, o que também sugere que o micróbio possua formas incomuns de infectar as pessoas.

Como resultado do seqüenciamento, que demorou cinco anos para ser feito, os cientistas esperam agora a formação de um programa mundial de biodefesa contra a F.tularensis para o desenvolvimento de novas vacinas e ferramentas de diagnóstico. 

Atualmente, os pesquisadores imaginam duas formas de se produzir uma vacina contra a ação do microorganismo. A primeira seria utilizar formas enfraquecidas da bactéria para estimular o sistema de defesa do organismo, desativando alguns de seus genes.

A segunda é através do isolamento de algumas proteínas da bactéria que poderiam estimular o sistema imunológico. Quanto a esta opção, os pesquisadores afirmaram já ter conseguido informações úteis para o desenvolvimento da vacina.    Partículas aéreas    A primeira descrição da tularemia consta de 1911, sob a forma de uma praga pra roedores. Pouco tempo depois, constatou-se o perigo também para humanos.

Os seres humanos podem contrair a doença através de mordidas de mosquitos, moscas e carrapatos, ou até mesmo pela inalação de partículas infectadas suspensas no ar.

Nos Estados Unidos, em 2000, dois casos de tularemia foram registrados em lavradores. Eles contraíram a doença provavelmente após passarem sobre uma carcaça de coelho morto. Apenas o pó levantado pelo choque foi suficiente para infectar os dois.

Como agente biológico, a F. tularensis foi estudada primeiro pelos japoneses, em um programa que durou de 1932 a 1945. Segundo Ken Alibek, um ex-cientista de armas químicas russo, o Exército Vermelho pode ter utilizado a bactéria contra soldados alemães durante a II Guerra.

Os Estados Unidos transformaram a bactéria em arma biológica durante as décadas de 50 e 60, e os soviéticos teriam trabalhado em projetos desta natureza até a década de 1990.
11/01/2005
 

 © BIOTEC AHG 2023 - Todos os direitos reservados - São Paulo, Brasil.