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O ambiente pede biotecnologia

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O mundo se reunirá em dezembro na cidade de Copenhague, Dinamarca, para discutir o clima no futuro. Antes da conferência acontecer, o principal grupo ambientalista World Wide Fund (WWF) fixou uma meta mínima de 30 por cento de redução nas emissões de dióxido de carbono até 2030. Para a organização ambiental, a proposta de concretização desse objetivo é incomum: aumentar a utilização da biotecnologia. Esta é a conclusão do estudo recententemente efetuado pela seção dinamarquesa do WWF, publicado juntamente com o empreendimento biotecnológico Novozymes, também da Dinamarca.

Se a biotecnologia industrial for plenamente explorada, em 2030 poderá significar uma poupança de 1,0 a 2,5 bilhões de toneladas de dióxido de carbono - ao ano. Os especialistas trabalharam de forma intensa, durante cinco meses, para publicar o estudo a tempo para a próxima conferência climática das Nações Unidas, que será realizada de 7 a 18 de Dezembro.

O WWF considera a biotecnologia branca como um setor que pode desempenhar um papel muito importante no surgimento de uma nova economia verde, se desenvolvida no caminho certo. As aplicações dessa área já são amplamente utilizadas na vida cotidiana e pode atuar ao nível da eliminação de nitratos na água, da luta contra as marés negras, do desenvolvimento de novos combustíveis, de produtos químicos mais versáteis e de materiais com menor impacto ambiental. Na prática, esse setor serve de contraponto aos tradicionais métodos físico-químicos.
 
Práticas biotecnológicas promotoras da baixa emissão de carbono são um bom exemplo de soluções viáveis já presentes no contexto atual, entretanto essas acabam sendo esquecidas pelos chefes políticos, investidores e empresas. O mais recente exemplo de favorabilidade da biotecnologia para essa problemática ambiental consiste na captura de biogás, seja a partir de resíduos de biodigestores ou de riachos de águas residuais.

Os autores do estudo acreditam que as biorefinarias podem contribuir de forma significativa para salvar o clima do planeta. Essas usinas são capazes de transformar qualquer composto residual de base biológica em matéria-prima valiosa para a produção de diversos biomateriais. A expectativa de redução da emissão de CO2 para esses processos são estimadas em 633 milhões de toneladas.

Em última análise, os especialistas acreditam que a biotecnologia industrial pode ajudar a diminuir o lançamento de dióxido de carbono de quatro formas: maior eficiência na produção, a substituição de combustíveis fósseis, a troca de materiais à base de petróleo e - o sonho de estudiosos em meio ambiente - a criação de um sistema de circuito fechado com o potencial de eliminar os resíduos.

Com 89 páginas, o relatório contém uma análise pormenorizada da dimensão técnica das soluções biotecnológicas para a gestão de CO2. O resultado consiste em uma linha do tempo com as possíveis aplicações da biotecnologia branca até 2030, assim como uma estimativa das economias de dióxido de carbono alcançadas. Globalmente, os resultados apontam para uma poupança maciça de 2,5 bilhões de toneladas da liberação do gás.

Os especialistas esperam que o processo de implementação das soluções biotecnológicas seja motivado pelos governos nacionais. Possíveis incentivos incluem multas para qualquer poluição causada por produtos petrolíferos, bem como um rótulo que auxilie os consumidores na identificação dos produtos produzidos de origem biotecnológica, e, portanto, mais sustentáveis. O mundo não pode se dar ao luxo de ignorar essa oportunidade. É vital seguir esse caminho inovador.
30/10/2009