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Biotecnologia é esperança para sericicultura

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Pesquisadores das duas principais universidades do estado do Paraná, a Universidade Estadual de Maringá (UEM) e a Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), desenvolvem pesquisas, com o objetivo de controlar uma das principais doenças relacionadas à sericicultura (criação do bicho-da-seda), o amarelidão.    A Poliedrose Nuclear (NPV) (amarelidão) é uma virose causada pelo Baculovírus, que infecta as lagartas do bicho-da-seda (Bombyx mori) por meio de folhas infectadas. Os principais sintomas da infecção são movimentos bruscos com a cabeça, perda de apetite, pele tencionada com liberação de um líquido branco e caminhar vagaroso. Além disso, a doença impede a mudança de pele e a formação do casulo.

Com 9 mil toneladas de fio de seda produzidos por ano, o estado do Paraná é responsável por 90% da produção total do país, com destaque para a região do município de Nova Esperança, noroeste do estado, onde são produzidas 1,4 mil toneladas. Diante disso, a presença da doença na criação das lagartas teria um impacto econômico muito grande.

Na tentativa de solucionar esse problema, os pesquisadores usam a biotecnologia para entender a relação entre um dos genes, responsável pela produção da seda, e o vírus que causa a doença. 

Após uma doação de matrizes (insetos puros) da Cooperativa Cocamar à UEM, deu-se início às pesquisas, em um laboratório especializado, localizado no município de Nova Esperança, com a participação de uma equipe treinada. Os pesquisadores devem basear-se nos dados obtidos a partir do seqüenciamento do genoma do bicho-da-seda, realizado no exterior.

De acordo com a explicação da pesquisadora Maria Aparecida Fernandez, da UEM, ao Portal do Agronegócio, as análises são realizadas com o objetivo de entender como se dá a interação entre o gene e o vírus e como ocorre a infecção dos tecidos da lagarta. Ainda segundo a pesquisadora, os estudos destinam-se, também, a desenvolver métodos de detecção precoce.    Paralelamente à pesquisa com os genes, outra é desenvolvida para criar um híbrido de matrizes chinesas e japonesas, o qual terá maior resistência às condições adversas do campo (matrizes chinesas) e também ao vírus. A criação desse híbrido significará uma alternativa para o produtor.  



O bicho-da-seda

Nativo do norte da China, o bicho-da-seda, larva de uma espécie de mariposa (Bombyx mori), é encontrado em todo o mundo, e sua criação recebe o nome de sericicultura. Alimenta-se basicamente de folhas, preferencialmente de amoreira, durante o período em que encontra-se na fase de larva. Após um período de mais ou menos um mês, a lagarta começa a formar o casulo, matéria-prima para a produção dos fios de seda. Antes de completar a metamorfose, que dará origem à mariposa, os casulos são vendidos às indústrias.

Os principais produtores mundiais de seda são, em ordem decrescente, a China, a Índia e o Brasil. As exportações brasileiras têm o Japão como principal cliente, e o estado do Paraná é o maior produtor, com 90% da produção de casulos verdes e mais de 50% da industrialização.

17/12/2008
Arlei Maturano - Equipe Biotec AHG