Importante levedura para a produção de etanol é sequenciada |
. |
Segundo a Agência FAPESP e o Jornal de Piracicaba, a Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ) está de novo em destaque. Num projeto que envolveu a Fermentec, a Universidade de Stanford (EUA), e a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) os pesquisadores conseguiram realizar o mapeamento de uma levedura batizada de CAT-1. Com o genoma da levedura de cana seqüenciado, a indústria ganha maior aproveitamento e a ciência brasileira maior destaque além fronteiras. O objetivo principal do projeto é aumentar a eficiência do processo biológico (fermentação) e reduzir os custos de produção nas usinas. Trabalhos como estes tornam a pesquisa brasileira pioneira em seqüenciamento de levedura na produção de álcool combustível. Dados da Revista Biodieselbr apontam que a cana-de-açúcar é a segunda maior fonte de energia renovável do Brasil com 12,6% de participação na matriz energética atual, considerando-se o álcool combustível e a co-geração de eletricidade, a partir do bagaço. Dos seis milhões de hectares, cerca de 85% da cana-de-açúcar produzida no Brasil está na Região Centro-Sul (concentrada em São Paulo, com 60% da produção) e os 15% restantes na região Norte-Nordeste. Neste sentido, Piracicaba a muito se tornou um centro de cultivo e pesquisa da cultura, e grandes investimentos são feitos no sentido de aumentar continuamente a sua produção. A espécie mais comum, usada no processo de produção de álcool é a Saccharomyces cerevisae, conhecida vulgarmente como levedura de padeiro ou da cerveja. Esta levedura encontra-se no centro da Biotecnologia tradicional, pelo seu papel milenar na produção de pão, vinho e cerveja, devido à sua capacidade de produzir álcool (principalmente o etanol, presente em bebidas fermentadas) e dióxido de carbono (que permite a expansão da massa do pão) a partir de açúcares. A CAT-1 é uma das linhagens de Saccharomyces cerevisae desenvolvidas especificamente para a produção de etanol a partir de cana-de-açúcar e, agora se encontra sequenciada pela equipe multidisciplinar que une Brasil e EUA. Outras linhagens foram já seqüenciadas, porém a CAT-1 é a levedura que nos últimos tempos tem recebido maior atenção pela equipe do Professor Boris Stambuk, da UFSC. Segundo ele “é importante salientar que o genoma da CAT-1 constitui um primeiro passo que permitirá conhecer melhor a fisiologia da levedura e as adaptações necessárias que permitem produzir álcool combustível, mesmo nas condições estressantes do ambiente industrial. O genoma será disponibilizado a toda a comunidade científica, o que permitirá desenvolver estratégias visando o melhoramento genético das leveduras industriais”. Para o Professor da ESALQ, Luiz Carlos Basso, em comunicado a Agência FAPESP, “a CAT-1 se destaca entre as três leveduras mais amplamente utilizadas na produção industrial de etanol no país. Na safra atual, juntamente com a linhagem PE-2 (outra levedura usada pela empresa Fermentec, descoberta antes da CAT-1, porém ainda não seqüenciada), essa levedura está sendo utilizada por cerca de 150 destilarias, que respondem por 60% do álcool combustível produzido no Brasil”. A resposta para as vantagens desta nova linhagem em relação às demais, segundo Basso, em entrevista ao Jornal de Piracicaba, deve-se ao fato de as leveduras CAT-1 conterem genes que produzem uma quantidade maior das vitaminas B1 (tiamina) e B6 (piridoxina) em comparação a outros tipos de fermento. As vitaminas são essenciais para uma maior sobrevivência da levedura durante o processo de fermentação.
18/10/2007
|
© BIOTEC AHG 2023 - Todos os direitos reservados - São Paulo, Brasil.