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Biosentinelas auxiliam no combate aoterrorismo

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Inicialmente, os Estados Unidos se utilizaram da alta tecnologia como ferramenta para a confecção dos mais complexos sistemas de monitoramento e vigilância, construindo satélites, mísseis defensivos, armas e redes de comunicação. Agora, um novo foco de investimentos em pesquisa se volta para aumentar as defesas norte-americanas: a biotecnologia.

Os norte-americanos estão literalmente “recrutando” novos aliados diretamente na natureza e, com o auxilio de avançadas técnicas, esperam fazer deles grandes ferramentas de monitoramento.

As “biosentinelas”, como são chamados, são besouros, formigas, aranhas e até baratas. Estes seres possuem capacidades incríveis de locomoção (podem infiltrar-se nos mais inusitados locais), sobrevivência e, também, identificação de substâncias (químicas e radioativas) com precisão maior do que qualquer equipamento produzido pelo homem. 

Nos Estados Unidos, projetos desta natureza contam com o incentivo do Pentágono, o mais importante órgão de defesa do país. Através de sua Agência de Pesquisas e Projetos Avançados de Defesa (Darpa, na sigla em inglês), inúmeros estudos são desenvolvidos em universidades e centros de pesquisa norte-americanos, e os investimentos já começam a produzir resultados.

Karen Kester, bióloga da Universidade Commonwealth de Virgínia, nos Estados Unidos, é uma das pesquisadoras financiadas pela Agência. Ela utiliza insetos como verdadeiros “cotonetes voadores”, capazes de rastrear o ambiente e identificar a presença de várias substâncias, como o antraz e outros químicos, de forma mais rápida, barata e confiável do que os sensores eletrônicos.    “Nós observamos o que estes animais captaram ou ingeriram durante suas atividades diárias”, diz . “Os insetos nunca foram utilizados desta forma antes. Isto é mais do que insetos combatendo o terrorismo, estamos desenvolvendo uma nova tecnologia de detecção e mapeamento de contaminantes biológicos e químicos no meio ambiente”, continua a pesquisadora.

 



Modificação genética

As pesquisas com insetos também devem servir como armas no combate a ataques biológicos e armas químicas. Para a bióloga June Medford, da Universidade Estadual do Colorado, os ataques de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos serviram com um alerta para os cientistas que pesquisam como a natureza pode ajudar a defesa.

Medford, cujo trabalho também é financiado pelo Darpa, está modificando geneticamente algumas ervas daninhas (como as que crescem em fendas de calçadas) para que mudem de cor se sofrerem um ataque bioquímico. 

“A idéia é conseguir plantas que tenham mudanças de cor que qualquer um possa reconhecer. Além disso, o Pentágono poderia reconhecer esta mudança pelo satélite para identificar a área”, diz a pesquisadora.



Biorobótica

Apesar de todos os avanços tecnológicos, muitos especialistas como Rajesh Naik, do laboratório de Pesquisas da Aeronáutica, em Ohio, admitem que ainda há coisas que a natureza faz melhor que o homem.

Ele pesquisa a capacidade de alguns besouros de detectar incêndios a quase 50 Km de distancia para reproduzir o processo em laboratório. Outras pesquisas planejam utilizar o olfato das abelhas para detectar explosivos, inclusive em aeroportos.

Promode Bandyopadhyay, engenheiro da Marinha Norte-Americana, pesquisa a incrível capacidade sensorial de peixes, cachorros, moscas e outros seres com a intenção de recriar esta habilidade em sensores artificiais.



Meio ambiente

Além da luta contra o terror, algumas das pesquisas também podem ajudar na proteção ao meio ambiente, permitindo identificar substâncias poluentes em casos de desastres ecológicos. 

Um exemplo disto são os estudos realizados por Meg Pinza e Susan Thomas. No Laboratório Nacional do Pacífico Noroeste, do Departamento de Energia dos Estados Unidos, as pesquisadoras contam com as espécies marinhas para identificar e rastrear a origem de substâncias tóxicas na água. 

Sua pesquisa é baseada em moluscos que podem detectar quantidades minúsculas de determinadas substâncias em função de sua forma singular de filtrar a água em busca de alimento. 

Em casos de desastres ecológicos (como o vazamento de produtos químicos no mar, por exemplo), a identificação dos poluentes e seu raio de ação na natureza é fundamental.

Hoje em dia, além dos projetos financiados pelo Darpa, inúmeras outras instituições procuram desenvolver soluções parecidas. Um exemplo disso são os peixes transgênicos desenvolvidos na Universidade Nacional de Singapura, sob a coordenação do professor Gong Zhiyuan. 

Os peixes, criados pela equipe de Zhiyuan desde 2003, tem a capacidade de mudar de cor quando expostos a certos tipos de poluentes, proporcionando uma forma rápida, barata e eficaz de analisar a composição química da água.

Outro exemplo de projeto ambiental com o uso de biosentinelas é desenvolvido no Centro de Pesquisas em Tratamento de Água do Exército Norte-Americano. Lá, os especialistas desenvolveram um sistema que monitora as reações orgânicas de peixes colocados na água a ser analisada. 

Segundo o toxicologista William Van deer Schalie, que coordena o estudo, além de muito mais barato, o processo desenvolvido pelos pesquisadores permite a observação constante da qualidade da água. 

Em uma estação comum, este processo demoraria pelo menos 72 horas, tempo no qual a água já pode ter sido usada e consumida pela população.

 

 

04/12/2004
 

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