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Modulação epigenética

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De acordo com o artigo publicado na edição de agosto da revista PLoS Genetics,  por cientistas da Universidade de São Paulo (USP), foi descoberta a função de um segmento intrônico, localizado na mesma região de um gene funcional, porém na fita oposta do DNA, e que exerce função reguladora.

O gene estudado age como supressor tumoral, modulando diversas funções celulares essenciais para o crescimento normal, tais como a manutenção da estabilidade do genoma, o controle do ciclo celular, a modulação da apoptose e a motilidade celular.

De acordo com Sergio Verjovski Almeida, pesquisador do Instituto de Química da USP, em entrevista à Agência FAPESP, a expressão desse gene produz a proteína RASSF1, a qual possui mais quatro diferentes versões - RASSF1A, RASSF1B, RASSF1C e RASSF1D, sendo a primeira, a isoforma com a função supressora de tumor mais bem caracterizada na literatura científica.

O pesquisador explicou também que, o RNA produzido na fita oposta do DNA, é denominado de ANRASSF1, pois ele é transcrito no sentido oposto, ou seja, é anti-senso e não codifica proteína. O ANRASSF1 é um IncRNA – RNA não codante – anti-senso,  não processado e intrônico, que é expresso no locus gênico RASSF, de forma independente a partir do gene codificador da proteína.

As isoformas RASSF1A e RASSF1C desempenham importante papel biológico, já que ambas são expressas em tecidos não tumorais, ao passo que em tumores e linhagens de células tumorais, a expressão da RASSF1A é frequentemente baixa, levando a um aumento da proliferação das células.

No intuito de testar o funcionamento do gene ANRASSF1, os pesquisadores utilizaram o plasmídeo do vírus SV-40 (do inglês Simian vacuolation vírus 40), de forma a modificar a expressão do ANRASSF1,  sem alterar a expressão do RASSF1A.

Os testes realizados em linhagens de células tumorais de cânceres de mama e de próstata mostraram que a superexpressão do ANRASSF1 diminuiu de forma significativa a atividade da RASSF1A, porém, sem que tivesse havido uma modificação na síntese das outras isoformas. Desse modo, foi possível concluir que a maior quantidade de ANRASSF1, diminui a produção de RASSF1A e consequentemente, aumenta o crescimento das células tumorais.

A partir desse e de outros estudos, fica cada vez mais evidente que os IncRNA estão envolvidos numa série de doenças humanas, particularmente em cânceres. Os resultados desse trabalho, mostraram que há um novo mecanismo de regulação epigenética do gene supressor de tumor RASSF1 que envolve o IncRNA anti-senso não processado, em que o ANRASSF1 reprime seletivamente a expressão da isoforma RASSF1, sobrepondo a transcrição anti-senso em local e forma específicos.

Em um contexto mais amplo, os resultados obtidos sugerem que outros tipos de IncRNA intrônicos não processados, ainda não caracterizados, quando transcritos no genoma humano podem contribuir na localização de genes de modulação epigenética em locais específicos. 

02/12/2013
Arlei Maturano - Equipe Biotec AHG
 

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