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Detecção eficiente de monossomia

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Um artigo publicado na edição do dia 29 de agosto da revista Blood traz importantes informações sobre os exames mais eficientes para a detecção de anomalias cromossômicas que causam doenças como o câncer.

O estudo é o resultado da colaboração mútua entre pesquisadores brasileiros, do Centro de Terapia Celular (CTC), de Ribeirão Preto, São Paulo e de norte-americanos do Instituto Nacional da Saúde (NIH, sigla em inglês) dos Estados Unidos. Essa parceria possibilitou o desenvolvimento de um método que diagnostica, de forma mais rápida e eficiente, quando comparado às técnicas de citogenética, alterações cromossômicas em pacientes com câncer.

Nessa pesquisa, os cientistas estudaram as leucemias, mais particularmente as síndromes mielodisplásicas – grupo de doenças da medula óssea caracterizadas por uma produção insuficiente de células sanguíneas sadias. Essas síndromes podem progredir para leucemia aguda. O termo síndrome mielodisplásica (SMD) engloba as doenças neoplásicas mielóides.

As SMD constituem um grupo de distúrbios sanguíneos que se caracterizam pela diminuição de todos os tipos de células sanguíneas no sangue periférico e pela medula óssea com contagem normal ou aumentada de células que apresentam anormalidades, na forma e no tamanho, podendo ocorrer acúmulo de células imaturas da medula, as chamadas blastos leucêmicos.

Nesse artigo, os autores descrevem o uso da citometria de fluxo – técnica utilizada para contar, examinar e classificar partículas microscópicas suspensas em meio líquido em fluxo – e a hibridização fluorescente in situ (FISH, sigla em inglês) – método  usado para identificar partes específicas de um cromossomo.

Essas técnicas foram utilizadas em células em intérfase, com o objetivo de detectar a monossomia do cromossomo 7 – del(7q) – em pacientes com a síndrome mielodisplásica. O método empregado pelos cientistas, conhecido como Interphase Chromosome Flow-FISH (IC Flow-FISH), baseia-se nos processos de fixação de leucócitos, de permeabilização da membrana, de hibridização do DNA celular com sondas contendo peptídeos de ácido nucléico (PNA, sigla em inglês) com células intactas e análises por citometria de fluxo.

Com a aplicação desse método, os pesquisadores detectaram um número elevado de células que apresentavam essa classe de monossomia e ao compararem com os testes citogenéticos, eles descobriram que o uso do IC Flow-FISH dispensa a coleta de medula óssea ou que as células estejam na fase de interfase.

Em entrevista à Agência FAPESP, o pesquisador do CTC e professor do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da Universidade de São Paulo (USP) e um dos autores do estudo, Rodrigo Calado, citou a importância da detecção das alterações nos cromossomos com a máxima rapidez e precisão, possibilitando o diagnóstico do câncer e a escolha do melhor tratamento para o paciente.

O pesquisador explicou que fatores como o tempo e o número de células a serem analisadas são primordiais para um diagnóstico mais efetivo e que o novo método tem grande vantagem nesses itens, quando comparado com os citogenéticos. Ele ainda esclareceu que a limitação na quantidade de células pode trazer falsos negativos.

Para superar essas limitações, eles utilizaram o método de avaliação dos telômeros com o objetivo de fazer uma análise de alterações quantitativas do cromossomo como um todo, mas para isso seria necessária uma adaptação, que foi conseguida a partir de uma nova forma de preparar as células. Essa mudança exige uma operação mais sofisticada que a preparação convencional e o aprimoramento dos softwares de análise dos dados, explicou Calado.

17/09/2012
Arlei Maturano - Equipe Biotec AHG