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Câncer: endocitose e tumorigênese

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Com o decorrer dos anos o intenso esforço de milhares de cientistas em todo o mundo vem obtendo novas informações sobre o comportamento dos vários tipos de câncer, o que é de vital importância para o desenvolvimento de novos tratamentos.

O estudo realizado por pesquisadores da Universidade Queen Mary de Londres, Inglaterra, é mais um esforço no sentido de angariar novas informações sobre o crescimento de células cancerosas e a gênese de tumores agressivos. Eles encontraram uma molécula chamada Met que tem a função de estimular o crescimento e a propagação do tumor. Alguns experimentos sugerem que o deslocamento da Met na célula pode deter o crescimento do tumor ou mesmo fazê-lo diminuir de tamanho. Essas informações podem ser encontradas no artigo publicado na edição do dia cinco de junho da revista Nature Cell Biology.

Usando mutações ligadas à atividade da Met em associação com o tumor, os cientistas demonstraram que há uma ligação entre a endocitose – processo de entrada de partículas na célula – e carcinogenicidade – processo que compreende vários passos e  mecanismos envolvendo eventos genotóxicos (mutações), alteração na expressão de genes e da sobrevivência das células.

Os pesquisadores constataram que as moléculas Met mutagênicas mostram um aumento na relação entre endocitose e atividade de reciclagem e um decréscimo nos níveis de degradação, o que resulta no acúmulo de endossomos – organelas responsáveis pelo transporte e digestão de partículas e macromoléculas que são captadas pela célula por processos conhecidos como endocitose. Além disso, ocorre também a ativação da enzima Rac1 GTPase, o aumento nos níveis de migração celular, entre outros processos.

A Rac1 é um membro da família Rho de pequenas GTPases envolvidas nas vias de transdução de sinal que controlam a proliferação, a adesão e a migração das células, durante o desenvolvimento embrionário e invasão das células tumorais.

Os experimentos mostraram que, bloqueando a endocitose houve a inibição do crescimento das moléculas mutantes com ligação independente, in vivo, e por isso, a tumorigênese e a metástese mantiveram-se ativas.  Foi possível observar também que uma molécula mutante, resistente à inibição pela enzima tirosina quinase específica para Met, era sensível à inibição da endocitose. 

Mediante esses resultados, os pesquisadores puderam concluir que a oncogenicidade de uma Met mutante resulta não somente da ativação, mas também da alteração do seu deslocamento endocítico, demonstrando que a sinalização endossomal pode ser um mecanismo essencial para a regulação da tumorigênese dependente do recepetor da tirosina quinase.

10/06/2011
Arlei Maturano - Equipe Biotec AHG