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Bioprospecção em solo amazônico

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Muito se fala na grande biodiversidade da flora e fauna da Amazônia e da importância desse ecossistema, assim como tantos outros, para a sobrevivência do ser humano. No meio científico ela é considerada uma das maiores fontes de substâncias de uso medicinal e industrial do mundo, principalmente os de origem vegetal.

Apesar de todo esse contexto, existe um recurso, não menos rico, mas que ainda é pouco explorado pelos cientistas, que são os microorganismos presentes no solo da Amazônia. Ciente do grande potencial biológico desses microorganismos, a doutora em Biotecnologia Industrial, Regina Yanako Moriya, desenvolveu com outros dois pesquisadores no Laboratório de Micologia da Fundação de Medicina Tropical do Amazonas (FMTAM), de Manaus, o estudo intitulado “Bioprospecção de substâncias antifúngicas produzidas por Actinomicetos isolados na Região Amazônica”.

O estudo teve como objetivo avaliar o potencial da bioprospecção – método ou forma de localizar, avaliar e explorar sistemática e legalmente a diversidade de vida que existe em determinado local – de substâncias antifúngicas produzidas por Actinomicetos isolados da região amazônica. De acordo com autores citados no artigo, esses microorganismos são importantes fontes de metabólitos secundários com atividade anticelular –  que possibilita o uso dessas substâncias no combate a determinados patógenos – e são representados em maior número pelos Streptomyces spp, a partir dos quais é produzida a maioria dos antibióticos atuais.

Dois fatores importantes citados no artigo demonstram a necessidade de desenvolver estudos com esses microorganismos, que são o aumento de infecções sistêmicas nos últimos vinte anos, que pode ser atribuído ao número de pacientes imunodeprimidos devido, por exemplo, à infecção pelo HIV ou ao uso de quimioterápicos e à pequena quantidade de pesquisas com novos produtos, a partir de isolados de Actinomicetos de outros países, assim como da Amazônia brasileira.

Nessa pesquisa foi realizado o isolamento, seleção qualitativa e quantitativa de isolados produtores de antifúngicos, cromatografia de camada delgada (CCD) e bioautografia das substâncias antifúngicas. Essa última técnica combina a capacidade de separação da CCD com a descriminação dos compostos que apresentam a bioatividade frente ao microorganismo testado. Os resultados dos experimentos mostraram que uma fração significativa dos microrganismos produziu substâncias que conseguiram combater Cândida albicans, a Cryptococcus neoformans e a Candida glabrata, esta última, comum em pessoas infectadas pelo HIV.

21/01/2011
Arlei Maturano - Equipe Biotec AHG