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Insetos ajudam peritos criminais

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Insetos de espécies diversas podem ser muito mais úteis ao homem do que a grande maioria das pessoas pode imaginar. Acostumados com as diferentes funções exercidas por esses animais na natureza e a sua contribuição em atividades humanas, como a agricultura, por exemplo, fica difícil conceber como eles podem ajudar na solução de uma morte. 

Esse é o foco da Entomologia Forense (EF), que estuda os insetos, ácaros e outros artrópodes, associados a um cadáver humano para se determinar a data da morte, e, quando for possível, deduzir as circunstâncias que cercaram o fato antes do mesmo acontecer ou que se seguiram depois deste. Mediante certas evidências é possível também, descobrir se o corpo foi transportado para outro local depois da morte, saber se o corpo foi manipulado por animais ou se o próprio assassino voltou à cena do crime. 

A EF no Brasil vem se desenvolvendo graças a um grupo de pesquisadores do Departamento de Parasitologia do Instituto de Biologia (IB) da Unicamp, que é coordenado pelo professor Arício Linhares. Os estudos realizados por essa equipe vêm contribuindo para um levantamento das espécies de insetos de interesse para a EF no Estado de São Paulo.  

O objetivo principal da pesquisa é diminuir a disparidade entre as espécies encontradas em um cadáver e a fauna de insetos da região. A ocorrência dessa diversidade pode ser um indicativo de que o corpo possa ter sido transportado para outra localidade. Nesse estudo foram levados em conta os ambientes, urbano, rural e silvestre, e as migrações dos insetos.  

Outro objeto de estudo dos cientistas é a investigação das espécies de insetos que passam pelo corpo nos diferentes estágios de decomposição ao longo tempo, conhecido como sucessão biológica.

Nas mortes causadas por drogas, geralmente ocorre uma alteração no desenvolvimento das larvas dos insetos, o que pode levar a uma falsa leitura do intervalo pós-morte. Sabendo disso, na segunda parte do projeto, o grupo estudou em laboratório os efeitos causados por substâncias como, os barbitúricos, as anfetaminas, a cocaína, os antidepressivos, os esteróides e os antidiazepínicos, em indivíduos imaturos para acompanhar o seu desenvolvimento.

Os resultados mostraram que barbitúricos e benzodiazepínicos, são responsáveis pelo atraso no desenvolvimento das larvas, ao contrário da cocaína e das anfetaminas, que aceleram esse processo. Esse estudo permitiu aos cientistas avaliar o desvio que cada uma dessas substâncias acarreta no crescimento de diferentes espécies. Ao aplicar esses desvios a um padrão, é possível estimar o horário correto da morte.  

Para a detecção dessas drogas, são utilizadas técnicas tais como a cromatografia gasosa ou a espectrometria de massas. Ao analisarem insetos alimentados com tecido de uma vítima com suspeita de overdose de cocaína, foram encontrados resquícios dessa droga nas larvas. Por meio dessas técnicas os pesquisadores têm condições de analisar também a composição de hidrocarbonetos presentes na cutícula dos insetos (perfil cuticular), que pode variar dentro de uma mesma espécie de acordo com o seu habitat.  

A utilização do perfil cuticular pode ajudar a identificar o inseto encontrado no corpo em qualquer fase de desenvolvimento. Outra técnica usada para determinar a espécie presente no cadáver é a reação em cadeia de polimerase (PCR) que, por meio das sequências de bases nitrogenadas do DNA, possibilita a comparação com uma base de dados das espécies levantadas.  
27/10/2010
Arlei Maturano - Equipe Biotec AHG
 

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