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Receptor modificado aumenta virulência

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Um estudo atualizado sobre o H1N1 – vírus causador da gripe suína – mostrou a existência de uma variante do vírus que vem elevando o número de casos fatais. Essa informação está contida no artigo Altered Receptor Specificity and Cell Tropism of D222G Hemagglutinin Mutants Isolated from Fatal Cases of Pandemic A(H1N1) 2009 Influenza Vírus, que será publicado no Journal of Virology.

A pesquisa, que foi realizada por cientistas de diferentes entidades e liderada pelo professor do Departamento de Medicina do Colégio Imperial de Londres, Ten Feizi, mostrou que essa nova variante do H1N1 carrega uma alteração em um receptor específico do vírus e no tropismo celular da D222G Hemaglutinina (HA) – uma glicoproteína, que tem como principal função ligar o vírus ao receptor da célula hospedeira. Essas alterações têm elevado o número de mortes de indivíduos devido a alterações nas vias respiratórias.  O número de casos fatais associados a essa mutação é de cerca de sete a cada cem mortos, de acordo com informações da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Os pesquisadores detectaram vírus mutantes que carregam as substituições D222G, associada aos casos graves ou fatais da doença, e D222E, ambas relacionadas ao receptor do sítio de ligação da hemaglutinina viral. Os vírus da influenza possuem receptores de superfície compostos por carboidratos, que têm a capacidade de se vincularem a diferentes tipos de receptores das vias aéreas de seres humanos e de animais, inclusive das células ciliadas – presentes no tecido de revestimento das vias aéreas. Essas estruturas têm como função reter partículas de sujeira e microrganismos através de movimentos e mover o muco em direção à boca, evitando assim que ele seja ingerido.

A infecção faz com que os cílios percam a capacidade de movimento e consequentemente, a sua função. Com esse quadro instalado, o indivíduo ou animal, ficam expostos a vírus e bactérias que venham a entrar no sistema respiratório, chegando até os pulmões. Para pofder conhecer melhor o mecanismo de infecção, os pesquisadores utilizaram um sistema experimental de culturas de células diferenciadas do epitélio traqueobrônquico humano (do inglês HTBE), com o objetivo de observar o tropismo celular do vírus.

Os cientistas analisaram a especificidade dos receptores de vários vírus da gripe em um meio com diferentes carboidratos, que se assemelham aos receptores presentes na superfície das células de revestimento das vias aéreas. Após um período de incubação, foi utilizado um corante fluorescente, para verificar se houve a ligação entre os vírus e as moléculas.

Em diversos estudos, os cientistas puderam observar que no início da infecção, o vírus da gripe sazonal humana (gripe comum), capaz de reconhecer um tipo específico de carboidrato, infecta, preferencialmente as células não ciliadas, já o vírus aviário, que se liga a outra classe de carboidratos, afeta as ciliadas.

Os experimentos mostraram que a virulência foi aumentada devido à presença da mutação, assim como a capacidade do vírus em infectar as células ciliadas. Em consequência disso,  a infecção dessas células  tornou-se uma forma de burlar o mecanismo de auto proteção dos pulmões. Em informação dada ao Science Daily, Feize credita a forma mais virulenta do vírus à troca de uma proteína por outra.

28/10/2010
Arlei Maturano - Equipe Biotec AHG
 

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