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Genoma revela ação antibacteriana

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A busca por tratamentos cada vez mais eficazes no combate a doenças bacterianas vem se intensificando e com o aprimoramento das técnicas de seqüenciamento, novas descobertas têm sido realizadas.

Uma dessas importantes conquistas está relatada em um artigo publicado na edição do mês de agosto da revista Microbiology, no qual são apresentados os resultados de uma pesquisa desenvolvida por cientistas da Universidade de Groningen, Holanda. No estudo, liderado pelo Dr Eriko Takano, foi realizado o seqüenciamento do genoma da Streptomices coelicolor A3.

Essa bactéria é um modelo representante de um grupo de organismos que habitam o solo, com um ciclo de vida complexo, que envolve o crescimento micelial e formação de esporos. Estes microrganismos apresentam grande capacidade de produção de compostos farmaceuticamente úteis, incluindo agentes anti-tumorais, imunossupressores e mais de dois terços de todos os antibióticos naturais disponíveis. Características que despertam grande interesse das indústrias de medicamentos e, principalmente, da comunidade médica.  

O seqüenciamento revelou um grupo de genes da classe policetídeo sintase Tipo I (Type I polyketide synthase gene cluster ou cpk) - família de enzimas ou complexos enzimáticos que produzem policetídeos, uma grande classe de metabólitos secundários, em bactérias, fungos, plantas e algumas linhagens de animais. A partir dessa descoberta, os pesquisadores revelaram uma nova atividade antibacteriana (abCPK) e um metabólito secundário com pigmento amarelo (yellow-pigmented secondary metabolite, yCPK).

Tanto a atividade microbiana quanto o pigmento, foram descobertos após a exclusão de um gene regulador de uma via metabólica específica (scbR2), que codifica um membro da família de receptores de proteínas do tipo y-butirolactona,  e que está localizado no grupo dos  genes cpk. A partir da produção excessiva do yCPK e da abCPK, devido a uma deleção mutante do gene que controla a scbR2, e a ausência dos compostos provenientes da supressão de cpk, foi possível sugerir que essas substâncias são produtos da cpk, na falta da via biossintética em que a abCPK é convertida em um pigmento amarelo. Com a realização da análise transcricional, os pesquisadores puderam sugerir que a scbR2 pode agir em um mecanismo de feedback negativo, limitanto, eventualmente, a biossíntese de yCPK.

Os cientistas acreditam que a descoberta dessa nova forma de revelar compostos biologicamente ativos desconhecidos, pode ser uma ferramenta importante para a produção de drogas mais eficazes para o combate à doenças bacterianas severas e que não criem tanta resistência aos microrganismos.
06/08/2010
Arlei Maturano - Equipe Biotec AHG
 

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