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Reprogramação de fibroblastos

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A edição on-line do dia 02 de junho da revista Stem Cells and Development trás um artigo intitulado Pluripotent reprogramming of fibroblasts by lentiviral-mediated insertion of SOX2, C-MYC and TCL-1A que mostra os resultados de um estudo inovador realizado por pesquisadores brasileiros sobre reprogramação celular.

O estudo desenvolvido por cientistas do Centro de Terapia Celular (CTC) e do Instituto de Biociências (IB) da Universidade de São Paulo (USP) descreve o processo de reprogramação de fibroblastos humanos em células pluripotentes, pela expressão forçada de uma nova combinação de fatores de transcrição (TCL-1A, C-MYC e SOX2), utilizando como vetor um lentivírus.

A técnica de reprogramação celular, que foi desenvolvida em 2006 por um grupo de cientistas coordenados por Shinya Yamanaka, da Universidade de Kyoto, no Japão, utiliza as células-tronco pluripotentes induzidas (IPS, na sigla em inglês). Essas células são derivadas de células somáticas que foram reprogramadas pela introdução de genes relacionados ao processo de especialização celular. Até recentemente, tem sido utilizados os genes OCT4, SOX2, KLF4 e C-MYC.

O diferencial apresentado pelo estudo dos pesquisadores brasileiros é a nova combinação de genes (fatores de transcrição), que foram empregados, TCL-1A, C-MYC e SOX2. Os cientistas acreditam que essa nova combinação seja suficiente para promover a reprogramação de fibroblastos humanos em iPS. Esses fatores de transcrição são, de acordo com o estudo, semelhantes às células-tronco embrionárias humanas (hESC, sigla me inglês), em características morfológicas, na  capacidade de se diferenciarem nos três folhetos embrionários – ectoderme, mesoderme e endoderme – e no nível de expressão gênica global.

A utilização do gene TCL-1A (T Cell Leukemia/Lymphoma protein 1A), até então não realizada, foi essencial para conseguir a reprogramação celular. Os pesquisadores acreditam que esse fato é importante para o entendimento do processo que faz com que a célula se torne pluripotente.  

Para comprovar a eficácia da reprogramação os cientistas realizaram análises de expressão gênica e de diferenciação espontânea in vitro. Os testes comprovaram o retorno dos fibroblastos à condição de células pluripotentes, como conseqüência da ação dos três genes. Os testes in vivo foram realizados em ratos, nos quais foram injetadas as células reprogramadas, no entanto, o resultado esperado não foi observado. Normalmente, como conseqüência da injeção dessas células, ocorre a formação de um teratoma – tumor formado por células de diferentes tipos de tecidos. Esse fenômeno é considerado como uma prova de que as células que foram formadas são as embrionárias ou semelhantes a estas, tais como as iPS originadas da diferenciação de células adultas.

A não formação dos teratomas significa, para os pesquisadores, que os fibroblastos reprogramados têm um potencial de diferenciação menor do que as células-tronco pluripotentes induzidas. No entanto, os cientistas ainda pretendem estudar formas de utilizar essas células.   

Diversas vantagens envolvem o uso dos fibroblastos reprogramados, dentre elas, o fato de serem mais seguras para o uso terapêutico, quando comparadas com as células embrionárias, que são mais difíceis de serem direcionadas para a diferenciação dos tecidos de interesse.

Outro aspecto vantajoso é a utilização de células reprogramadas do paciente em seu próprio organismo, que praticamente anula as chances de incompatilibilidade. Todos esses aspectos contribuem muito para os avanços da medicina regenerativa.

11/06/2010
Arlei Maturano - Equipe Biotec AHG
 

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