Logotipo Biotec AHG

Bactéria ativa produção de interferon

Imprimir .
Uma importante descoberta feita por pesquisadores da Universidade da Califórnia, EUA, pode ajudar a tornar as vacinas que usam bactérias vivas ou inativas, mais eficazes. Estudando a Listeria monocytogenes, eles descobriram que bombas moleculares presentes nesse microorganismo, expelem pequenas moléculas sinalizadoras, as quais desencadeiam a resposta imune do organismo hospedeiro. Essa bactéria causa a listeriose, doença rara e grave originada, usualmente, pelo consumo de alimentos contaminados.

Os pesquisadores acreditam que esse processo de expulsão dessas moléculas também ocorra em outras espécies de microorganismos patógenos. O artigo foi publicado na edição do dia 28 de maio da revista Science.

Diversos estudos já foram realizados com a L. monocytogenes para tentar compreender como ela desencadeia uma resposta imune tão forte nas células infectadas. Localizada no citosol (matriz citoplasmática), essa bactéria quando é detectada pelo sistema imune, estimula uma resposta celular com a liberação de interferon tipo I – molécula ativadora de células do sistema imunológico e de outros mecanismos de defesa. Entretanto, os pesquisadores não sabiam que substância secretada pelo microorganismo estimulava a produção desse interferon.

A resposta imune depende, muitas vezes, dos sistemas de secreção do microorganismo e, no caso da Listeria, está na dependência de bombas de efluxo multidrogas (multidrug efflux pumps, MDRs). Os cientistas utilizaram espécies de L. monocytogenes geneticamente modificadas que superexpressavam MDRs e conseguiram identificar uma diadenosina monofosfato cíclica (c-di-AMP).

Eles descobriram que a c-di-AMP é uma molécula que quando secretada, pode desencadear uma resposta citosólica na célula hospedeira. A análise, por espectrometria de massas, das amostras coletadas do meio contendo bactérias mutantes, mostrou que a única molécula produzida em macrófagos foi o interferon.

Os pesquisadores perceberam também que a superexpressão da di-adenilato ciclase ( dacA) resultou na elevação dos níveis da resposta imunológica no hospedeiro durante a infecção. A partir desses resultados foi possível concluir que a C-di-AMP representa uma molécula sinalizadora putativa bacteriana secundária, que desencadeia uma via citosólica da imunidade inata. Essa descoberta levou os cientistas a acreditarem que essa molécula possa existir em uma ampla variedade de bactérias.

A presença da c-di-AMP não é uma exclusividade da Listeria, pois de acordo com estudos genômicos, outras bactérias patógenas, tais como estafilococos, estreptococos, entre outras, possuem o gene que sintetiza essa molécula. Futuramente, os pesquisadores pretendem descobrir como a c-di-AMP age no interferon, e para isso, eles pretendem utilizar cepas mutantes de Listeria que carregam o gene responsável pela expressão dessa molécula possa ser facilmente ativado e desativado.
04/06/2010
Arlei Maturano - Equipe Biotec AHG
 

 © BIOTEC AHG 2023 - Todos os direitos reservados - São Paulo, Brasil.