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Análise da função de miRNA viral

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Diversos grupos de pesquisadores da Alemanha e de outros países desenvolveram um estudo com o objetivo de tentar compreender melhor o mecanismo que algumas espécies de vírus utilizam para escapar do ataque do sistema imunológico. Os resultados desse estudo estão publicados na edição de maio do periódico Cell. A equipe liderada pelo virologista e professor do Instituto Max von Pettenkofer, ligado à Universidade Ludwig-Maximilians (LMU), Munich, Alemanha, Jürgen Haas, foi uma das que contribuiu com essa pesquisa.
    
A estratégia utilizada pelos vírus para driblar a defesa do organismo, se baseia na produção de miRNAs (microRNA),  que se ligam ao complexo RISC (complexo de indução do silenciamento de RNA) e direcionam a clivagem de RNAm, com os quais têm complementaridade. Além disso, eles podem fazer a repressão da tradução ficando ligados ao RNAm  e impedindo a sua tradução pelo ribossomo. Utilizando-se desses RNAs, os vírus regulam não apenas a expressão dos seus próprios genes, mas também os do hospedeiro.Os miRNA são pequenas moléculas de RNA, com cerca de 20 a 22 nucleotídeos, e que resultam da clivagem de um RNA maior não codificante que possui uma estrutura secundária em forma de gancho.

Para identificar os RNAm alvos dos miRNA, os cientistas utilizaram a técnica de imunoprecipitação de proteínas do tipo Argonauta (Ago), componente essencial do complexo RISC, seguido de uma análise de microarranjo (RIP-Chip).  

Nesse estudo, os pesquisadores realizaram a análise (RIP-Chip) da proteína do tipo Ago2, com o objetivo de identificar as transcrições alvo a partir dos miRNAs do herpesvírus associado ao sarcoma de Kaposi (KSHV), do vírus Epstein-Barr (EBV), que pode causar a mononucleose infecciosa e alguns tipos de neoplasias humana, e em miRNA de outras células. Essa identificação foi realizada em seis linhagens de células B humanas com infecção latente ou com transdução estável. Em seres humanos, a Ago2 é responsável pela clivagem do RNA alvo e pela sua interação  com a  proteína de ligação do RNAm, GW182.

Os resultados dessas análises mostraram aos pesquisadores que, dos seis miRNA alvos do KSHV, quatro apresentaram uma regulação na região não traduzida 3’ (3’URT), do RNAm, e os outros dois tiveram a regulação realizada por meio dos sítios de ligação nas sequências codificantes. Foi possível identificar também que os miRNA do EBV têm como alvo dois genes responsáveis pela regulação do transporte celular, o TOMM22 e o IPO7.     

A utilização da técnica de microarranjos para a análise dos miRNA do hospedeiro,  possibilitou a identificação dos genes celulares que foram afetados por essas moléculas. No total, foram encontrados 158 genes que na sua maioria, expressam proteínas relacionadas com a defesa antiviral.

Esse estudo revelou informações importantes sobre o mecanismo utilizado pelos vírus para regular a expressão gênica do hospedeiro, além de permitir a identificação dos genes virais que expressam o miRNA e que podem ser possíveis alvos de novos agentes antivirais. Os resultados mostraram também que a RIP-Chip é uma técnica que oferece uma estimativa quantitativa da função do miRNA.
14/05/2010
Arlei Maturano - Equipe Biotec AHG
 

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