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Informações do RNAt revelam o passado de alguns organismos

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A célula, apesar de ser a menor unidade estrutural básica que compõe os seres vivos, é capaz de desenvolver, de forma autônoma, funções básicas como a reprodução e o crescimento. Em seu interior, existem estruturas, chamadas organelas, que, além de desempenharem diferentes funções, em conjunto, formam um complexo mecanismo.

O controle de todas as funções da célula é realizado pelo seu núcleo, estrutura onde é encontrado o DNA, molécula que possui todas as informações necessárias para a realização das funções do organismo. Para que as informações contidas no DNA possam ser transportadas para fora do núcleo, um mecanismo conhecido como transcrição é acionado para síntese de RNA, usando o DNA como molde. Existem três tipos de RNA, o transportador (RNAt), o mensageiro (RNAm) e o ribossômico (RNAr), cada qual exercendo sua função, que, juntos, têm como objetivo a síntese de novas proteínas. 

O RNAt, em especial, foi objeto de um novo estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Illinois, EUA, que mostrou que essa molécula pode ser uma grande reserva de informações acerca da evolução dos seres vivos. O mesmo teve como principais condutores o professor de bioinformática e co-autor, Gustavo Caetano-Anollés, e o professor, pesquisador e PhD,  Feng-Jie Sun, e foi publicado na edição de março do PLoS Computational Biology.

O pesquisador Caetano-Anollés acredita que o RNAt tenha sido fundamental na síntese de proteínas durante todo o processo evolutivo e que o conhecimento das suas propriedades estruturais poderá oferecer maiores conhecimentos sobre a evolução de alguns organismos e dos vírus. Além disso, o pesquisador acredita que o estudo da molécula do RNAt seja muito importante para o conhecimento de pontos de grande relevância para a biologia acerca da evolução de organismos dos diferentes reinos.

Os pesquisadores estudaram a estrutura padrão de todos os tipos de RNAt, que se assemelha a uma folha de trevo, procurando padrões, nessa estrutura, por meio de centenas de dados coletados de vírus e de moléculas que representaram cada um dos três super reinos, que são os das bactérias, dos eucariotos e dos Archeas (um dos reinos de seres vivos relacionados com as bactérias). As diferentes características da estrutura do RNAt foram transformadas em informações codificadas, permitindo que as mesmas fossem informatizadas. Dessa forma, foi possível montar uma árvore genealógica da molécula em questão. O mesmo foi feito com os organismos dos super reinos, de forma a avaliar até que ponto esses grupos se diferenciavam da árvore genealógica global e assim fazer uma comparação entre eles. Em um estudo anterior, o mesmo pesquisador, Caetano-Anollés, fez análises de várias proteínas formando uma espécie de guia para a história da evolução. É importante ressaltar que o estudo atual apóia os resultados obtidos no anterior.

Os resultados aos quais chegaram os pesquisadores, por meio desse estudo, estabeleceram um novo sentido para a discussão sobre a época de aparecimento dos vírus, que teria se dado depois do surgimento dos três grandes reinos, nessa respectiva ordem: archeas, eucariotos e bactérias.
13/03/2008
Arlei Maturano - Equipe Biotec AHG
 

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