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Homem e espécie de peixe se assemelham quanto á função de um gene

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Diversos fatores influenciam diretamente o processo evolutivo de qualquer ser vivo, fatores esses ligados ao ambiente em que vivem e ao próprio metabolismo do indivíduo. As mudanças no meio ambiente, forçando os indivíduos a emigrar, a seleção natural, proveniente da necessidade de adaptação dos seres vivos às novas condições ambientais e as mutações genéticas que fazem com que surjam novas características na natureza, são os principais fatores que culminam na evolução de uma espécie.

Muitas vezes algumas espécies, durante seu processo evolutivo, desenvolvem características genéticas que as aproximam de outras totalmente diferentes, a exemplo da descoberta científica que foi publicada na edição online da revista Cell, no último dia 14. Pesquisadores de diferentes centros de pesquisas e universidades estiveram envolvidos nesse estudo, tais como, o líder da pesquisa David Kingsley do Instituto Médico Howard Hughes, EUA, o primeiro autor da pesquisa Craig Miller, da Escola de Medicina da Universidade Stanford, Palo alto Califórnia, e outros co-autores da Universidade do Porto, em Portugal, da Universidade British Columbia, Vancouver, Canadá,  da Universidade de Chicago e da  Universidade Estadual da Pensilvânia.   

Os pesquisadores descobriram que duas espécies, a dos seres humanos e do peixe Indostomus paradoxus, vêm utilizando durante seus processos evolutivos, o mesmo mecanismo genético para a obtenção da pigmentação da pele mais adaptada para sobreviver em novas condições ambientais. O motivo principal que levou os pesquisadores a usar essa espécie de peixe como objeto de estudo foi o seu histórico evolutivo, ligado às mudanças bruscas ocorridas no planeta após a última era glacial, época em que as radiações que incidiam sobre a Terra eram muito intensas.

O derretimento de grandes geleiras formou milhares de lagos na América do Norte, Europa e Ásia e foi nesses lagos que os antepassados marinhos dessa espécie de peixe vieram a se adaptar à fatores como, a água doce, temperatura e cor da água, novas fontes de alimentos, e a novas características adquiridas pelos animais como a pigmentação da pele. O que os cientistas ainda não compreendiam bem era quais fatores levaram a essa mudança na pigmentação da pele. 

Assim como essa espécie de peixes, o ser humano na sua trajetória evolutiva, também sofreu mudanças na pigmentação da pele ao iniciar a sua saída do continente africano para outros continentes. Devido à diferença de incidência solar entre as diferentes regiões, a pigmentação escura já não se fazia mais tão necessária.

 

Mecanismo Genético

Para entender como se processa o mecanismo das mudanças de pigmentação da cor da pele dos peixes, os pesquisadores realizaram cruzamentos entre indivíduos de pigmentações de pele diferentes. Usando marcadores genéticos e baseando-se no genoma seqüenciado dessa espécie de peixe, os pesquisadores deram início a procura pelo mecanismo que regula a pigmentação da pele. Através do estudo de segmentos de cromossomos dos descendentes e de um mapeamento deste segmento, os pesquisadores encontraram um gene conhecido como “Kig ligand”(abreviatura: Kitlig, em inglês), que é associado à herança da pigmentação da pele. Em experimentos realizados com ratos esse gene causou mudanças na coloração da pele.     

O gene Kitlig também está presente no genoma humano e segundo estudos anteriores de outros grupos, esse gene sofreu mudanças em diferentes populações humanas, comenta Kingsley. Essas mudanças criaram diferentes versões do gene nas populações, fato que está sendo investigado pelos cientistas para se saber se essas mudanças estão associadas às várias alterações na cor da pele. As amostras de DNA coletadas de indivíduos de diferentes cores de pele mostraram que as pessoas de pele clara tinham uma alteração no gene. Segundo os pesquisadores o gene Kitlig tem uma participação de vinte por cento no controle da pigmentação da pele. Sabe-se que esse gene produz uma proteína de grande importância na manutenção dos melanócitos que controlam a pigmentação. 

Segundo Kingsley, apesar de várias regiões do cromossomo darem a sua contribuição na pigmentação, os pesquisadores estão tentando identificar o gene que tem papel principal na mudança de cor tanto em humanos quanto em peixes.

20/12/2007
Arlei Maturano - Equipe Biotec AHG
 

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