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Espécies terão seu DNA em códigos de barra

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A tecnologia do código de barras para a identificação do DNA de distintas espécies poderá ajudar a ciência em diferentes áreas tais como a segurança alimentar, controle de pragas, meio ambiente, entre outras.

O uso de novas tecnologias para a identificação e distinção de espécies conhecidas e também para as, ainda, desconhecidas necessita principalmente de investimentos governamentais. O governo norte americano, mais especificamente, tem investido muitos recursos para o desenvolvimento da tecnologia do DNA em código de barras, a qual tem como principais vantagens a agilidade, e menor custo.

O Consórcio para o Código de Barras da vida (em inglês: Consortium for the Barcode of Life ou CBOL), composto por 160 membros de 50 países fez com que uma pesquisa realizada em 2003 desse segmento se desenvolvesse em 2007. No ano de 2005 a CBOL possuía 42 membros e 18 países. As vantagens do uso da tecnologia também se mostram pelo aumento no número de espécies registradas de 2005 para 2007 no Banco de Dados do Código de Barras (Barcode of Life Data Systems ou BOLD) da Universidade de Guelph, no Canadá. Dos 33.000 registros referentes à 12.700 espécies, em 2005, o número cresceu   para 290.000 registros sobre 31.000 espécies.     

No 2° Congresso Internacional do Código de Barras da Vida, organizado pelo Secretário Executivo do CBOL, David Schindel, serão avaliados diversos pontos acerca das técnicas utilizadas, do progresso, das prioridades para o uso desta tecnologia e dos pareceres de cientistas e oficiais interessados em relação a esse novo campo da ciência. Schindel destacou o trabalho dos taxonomistas na documentação de pequena parte das espécies de plantas e animais existentes no planeta nos últimos 300 anos. Através de uma abordagem mais objetiva e repetitiva, o uso da tecnologia do DNA em código de barras traz grandes vantagens frente ao desafio dos cientistas de documentar tantas espécies.  

Os benefícios que essa tecnologia pode trazer são muitos, expandindo o conhecimento sobre a natureza e como todo esse conhecimento pode ser útil aos governos e à sociedade em geral, comenta Schindel sobre o que será falado na conferência em Taipei. O sistema tem a capacidade de documentar e confirmar  a identidade  de espécies conhecidas e até mesmo  descrever uma nova espécie. 

Diversas áreas de interesse da comunidade científica e dos governos podem ser beneficiadas com o uso da tecnologia do DNA em código de barras, tais como a agricultura, saúde e proteção ambiental. Informações como a pureza e identificação de plantas medicinais, listagem das espécies vegetais de interesse econômico, são muito valiosas e de grande interesse científico e governamental.

O CBOL tem servido de instrumento para o Food And Drug Administration (FDA) para monitorar espécies de interesse econômico com vistas a gerar um código de barras com informações sobre possíveis perigos relacionados a saúde. O FDA possui a Regulatory Fish Encyclopedia (RFE) onde estão as informações de diversas espécies e o CBOL forneceu amostras destas espécies gerando códigos de barras para a grande maioria das amostras.

Com o uso do CBOL problemas como a comercialização de peixes colocados no mercado de forma ilegal, ou a oferta de peixes em supermercados e restaurantes que possa acarretar problemas de saúde originados da deterioração ou de espécies contaminadas com altas cargas de produtos químicos, podem ser mais bem monitorados, comenta Dr. Schindel.

O leque de informações que o sistema CBOL pode gerar é muito grande, assim como os benefícios que as mesmas podem trazer para as diversas áreas de interesse. Informações como, por exemplo, a identificação de insetos e outros invertebrados presentes em rios e lagos que podem servir de indicadores de qualidade ambiental. A agricultura também pode se beneficiar com a construção de uma base de dados para a identificação e controle de pragas agrícolas, como a mosca das frutas. O monitoramento de produtos processados de madeira com o objetivo de proteger algumas espécies da extinção, também é uma alternativa de uso dessa tecnologia.         A preocupação com assuntos relativos à saúde é constante, por isso os pesquisadores querem montar uma base de dados sobre diversas espécies de mosquitos transmissores de doenças, conhecidos como vetores. Doenças como a malária, a doença do Nilo Ocidental e a dengue afetam e matam milhares de pessoas todos os anos. Segundo a cientista Yvonne-Marie Linton do museu de Londres e chefe do Mosquito Barcoding Initiative (MBI), o controle do vetor é a chave da questão. Em outras partes do mundo cientistas se concentram em reunir dados de outras espécies de insetos transmissores de doenças.  

Nos planos para o uso da tecnologia do DNA em código de barras, também estão incluídas algumas espécies de fungos de interesse dos cientistas, como os produtores de micotoxinas e os de potencial medicinal. O conhecimento e proteção à biodiversidade global são uma das metas dos cientistas para o uso dessa tecnologia, devido principalmente à versatilidade do sistema que utiliza como ferramentas técnicas moleculares e a taxonomia.

No caso de se querer identificar uma espécie extinta os cientistas colhem amostras de animais selvagens apreendidos em comércio ilegal e de produtos derivados de algumas dessas espécies. Através da tecnologia do DNA em código de barras o animal extinto será descrito. Enquanto isso, outros cientistas, para possibilitar a identificação, vão analisar enzimas que foram danificadas por diversos fatores.  

Todas as possibilidades geradas por essa nova tecnologia estão fazendo surgir um novo campo da ciência e que trará inúmeros benefícios em diferentes setores.

  
18/09/2007
Arlei Maturano - Equipe Biotec AHG
 

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