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As pesquisas de Venter e o futuro da biotecnologia

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O famoso pesquisador americano Craig Venter, conhecido por ser proprietário da companhia Celera Genomics, acusou governos de inúmeros países de tentativa de reivindicar posse sobre alguns organismos da natureza. O fato ocorreu durante uma feira direcionada para administradores: a Expo Management 2005. Atualmente o pesquisador está elaborando um projeto de bioprospecção oceânica. Ele pretende coletar amostras biológicas de seres vivos aquáticos e segue em um tour mundial visando sequenciar seu DNA e buscar fragmentos genéticos para novas vidas artificiais.

Anteriormente a idéia era coletar amostras apenas no rio Amazonas, porém, o cientista não conseguiu autorização brasileira para a realização de seu projeto. Segundo o jornal Folha de São Paulo, o pesquisador teria declarado: “Em todos os lugares aonde decidimos ir, tivemos de pedir autorização para os governos, e nosso acordo era o de que as descobertas que fizéssemos não poderiam ser patenteadas, nem por nós, nem por esses países; seriam divulgadas publicamente”, e ainda: “Não é uma questão de eu achar que tenho direito de possuir os genes de qualquer coisa. É o contrário, alguns países é que acham que são donos dos organismos".

É interessante salientar que paralelamente ao caso, o Ministério do Meio Ambiente está com um projeto de lei que visa regulamentar o acesso a recursos genéticos. Embora o cientista Craig Venter tenha sido uma vez acusado de ter tentado monopolizar os dados guardados no DNA humano, ele afirma ser contra o patenteamento de genes. E mais: Ele acredita que estes tipos de barreiras não deveriam existir em trabalhos de cientistas.

Venter ressalta que decifrar os genomas vai gerar um grande avanço na medicina e até mesmo em outros setores. De acordo com o cientista, sua pesquisa é a que mais decifrou genes até a atualidade, mais do que todas as outras juntas. Em outubro o cientista esteve no Oceano Índico, no Canal de Moçambique. Lá foram coletados bilhões de microorganismos.     Segundo um dos diretores do projeto, Charles Kennel, os microorganismos marinhos são muito menores do que os encontrados na terra, sendo assim, mais difíceis de capturar. Mesmo quando capturam estes organismos, nem sempre é fácil estudar a fundo sobre suas condições químicas e nutritivas, mas as técnicas de cultivo e estudo estão se aprimorando rapidamente. 

Para Kennel estas novas realizações são importantes, pois Venter mostrou que, com suas técnicas, poderá no futuro realmente produzir genomas completos. Referente a este assunto, em entrevista a “Union Tribune”, Venter explicou que seria ideal ter uma base de dados do genoma de cada microorganismo marinho. Segundo ele, os cientistas poderiam descobrir como os microorganismos dirigem os fluxos de energia e matéria no oceano e até mesmo monitorar estes fluxos, e assim, proteger a “saúde” do oceano com estas informações. 

Porém, tendo em vista o número de micróbios existentes, poucos foram os descritos, e destes que foram, são raros os que foram seqüenciados por completo, o que nos leva a concluir que o caminho destes pesquisadores ainda é longo. Venter pretende ainda criar futuramente novos tipos de organismos que produziriam hidrogênio e combustíveis não poluentes que minimizariam o efeito estufa. Embora os estudos estejam muito no início, o pesquisador afirma que nossa Era é de rápidos avanços em relação à ciência e logo será capaz de, não apenas ler o código de DNA, mas também de escrevê-lo.
 
 
Previsões de Venter
 
O pesquisador faz algumas previsões: Para ele, em cerca de dez anos, mil dólares serão capazes de comprar um genoma seqüenciado. Ele também prevê que o futuro da civilização estará na biotecnologia. É importante salientar que a biotecnologia cresce rapidamente. É a primeira vez que se têm registros de uma atração de capital na biotecnologia maior do que nos outros setores. Do mês de julho ao mês de setembro, 39 companhias privadas investiram na biotecnologia mais de 200 milhões de dólares em capitais de risco.
 
 
13/11/2005
 

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