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Biomarcador de câncer de próstata

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Dados veiculados no portal do Instituto Nacional do Câncer (INCA), mostram que na estimativa mundial, em 2012, ocorreram 14,1 milhões (exceto câncer de pele não melanoma) de casos novos de câncer e 8,2 milhões de óbitos. Desses casos, houve um discreto predomínio do sexo masculino tanto na incidência (53%) quanto na mortalidade (57%). De acordo com o mesmo estudo, nos países desenvolvidos predominam os tipos de câncer associados à urbanização e ao desenvolvimento (pulmão, próstata, mama feminina, cólon e reto). De acordo com o mesmo estudo citado pelo INCA, os tipos de câncer mais incidentes no mundo foram pulmão (1,8 milhão), mama (1,7 milhão), intestino (1,4 milhão) e próstata (1,1 milhão). Nos homens, os mais frequentes foram pulmão (16,7%), próstata (15,0%), intestino (10,0%), estômago (8,5%) e fígado (7,5%), (FERLAY et al., 2013).

Segundo o INCA, a detecção precoce do câncer é uma estratégia para encontrar o tumor em fase inicial e, assim, possibilitar melhor chance de tratamento. A detecção pode ser feita por meio da investigação, com exames clínicos, laboratoriais ou radiológicos, de pessoas com sinais e sintomas sugestivos da doença (diagnóstico precoce), ou com o uso de exames periódicos em pessoas sem sinais ou sintomas (rastreamento), mas pertencentes a grupos com maior chance de ter a doença. No caso do câncer de próstata e de acordo com a faixa etária do paciente, podem ser solicitados os exames de toque retal ou o de sangue, sendo este último para avaliar a dosagem do PSA (antígeno prostático específico), no entanto, quando necessário, pode – se realizar a combinação dos dois exames para maior acurácia na identificação de alguma possível alteração.

Cientes da importância de um prognóstico precoce e de qualidade para melhor detecção da doença, pesquisadores da Universidade da Califórnia (EUA) e de Toronto (Canadá), desenvolveram um teste não invasivo, utilizando miRNA (micro RNA) - moléculas de RNA fita simples de 19–25 nucleotídeos, não codificadores de proteínas, que agem como potentes reguladores pós-transcricionais da expressão gênica em plantas e animais.

Segundo os pesquisadores, os miRNA são promissores biomarcadores não invasivos e que desempenham papéis essenciais na tumorigênese, caracterizando-se pela estabilidade, sob diversas condições analíticas, podendo ser detectados em fluidos corporais.

No estudo, os cientistas mediram a estabilidade longitudinal de 673 miRNA, de amostras de urina coletadas em série de 10 pacientes com câncer de próstata localizado. Após essa fase, eles mediram miRNA temporariamente estáveis, em um grupo de treinamento independente e criaram um biomarcador preditivo do escore de Gleason – sistema que atribui uma pontuação com base em quanto as células do tecido canceroso se parecem com o tecido normal da próstata – usando técnicas de aprendizado de máquina (machine learning) – método de análise de dados que automatiza a construção de modelos analíticos.

Com isso, foi possível validar este biomarcador em um grupo de validação independente. O artigo foi publicado na edição de junho da revista JNCI: Journal of the National Cancer Institute.

A partir dessa metodologia, o grupo de pesquisadores descobriu que cada indivíduo tem uma característica única, como se fosse uma impressão digital específica, de miRNA na urina e que se mostraram temporalmente estáveis e associadas a funções biológicas específicas. Além disso, eles identificaram sete miRNA que foram estáveis ao longo do tempo em pacientes de forma individual. Com esses resultados, os mesmos foram integrados com técnicas de aprendizado de máquina para criar um novo biomarcador para o câncer de próstata, superando a variabilidade interindividual.

De acordo com os resultados, os pesquisadores puderam identificar de forma eficaz, a partir da urina, pacientes de alto risco e tendo obtido precisão similar aos marcadores prognósticos baseados no tecido.

Apesar do câncer de próstata ser de fácil diagnóstico, ainda é difícil classificar os pacientes em grupos de risco a partir das ferramentas mais tradicionais, como o teste de PSA e a biópsia. Em ambos os casos há elevadas taxas de erro, podendo causar complicações graves à saúde. As vantagens do teste com biomarcadores na urina é que além de não ser invasivo ajuda a distinguir com precisão os cânceres de crescimento lento, daqueles potencialmente letais.

 
02/08/2019
Arlei Maturano - Equipe Biotec AHG
 

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