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Transgenes dão resistência a herbicidas

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Em uma definição mais técnica, a planta daninha pode ser considerada como toda a planta, cujas vantagens ainda não foram descobertas ou que interfere com os objetivos do homem. Essas espécies de vegetais podem germinar, crescer, desenvolver-se e reproduzir-se em condições ambientais pouco favoráveis, como em estresse hídrico, umidade excessiva, temperaturas pouco propícias, entre outras.

Essas plantas constituem, na maioria das vezes, um grande problema para a agricultura porque se desenvolvem em condições semelhantes às das cultivadas. Uma das características dessa classe de vegetais é o seu elevado grau de adaptação, o que permite que elas sobrevivam nas mais diversas condições de clima e solo. Sendo assim, fica claro que a somatória de todas as condições causa grandes prejuízos econômicos aos agricultores, que acabam elevando seus custos de produção devido ao uso de herbicidas para combater as plantas invasoras.

Um fator negativo decorrente desse cenário é o uso indiscriminado de produtos químicos, como o glifosato, por exemplo, que é um herbicida sistêmico não seletivo, ou seja, mata qualquer tipo de planta, desenvolvido para eliminar ervas principalmente as perenes e que acaba selecionando as plantas mais resistentes.

A seleção de plantas daninhas resistentes ao glifosato, causada pelo seu uso excessivo e a busca por alternativas que possam auxiliar na solução desse problema, foram os principais objetos de investigação do estudo realizado por pesquisadores do Dow AgroSciences e da Universidade do Missouri (EUA), que foi publicado na revista Proceedings of the National Academy of Science (PNAS).

Essas dificuldades tornaram urgente a necessidade de buscar mecanismos de controle de plantas daninhas para complementar a resistência de algumas culturas ao glifosato. Uma opção é o uso do ácido 2,4-diclorofenoxiacético (2,4-D), um herbicida de amplo espectro, eficaz, de baixo custo e que controla muitas das ervas daninhas, desenvolvendo resistência ao glifosato.

Nesse estudo, foram pesquisados os substratos adequados para produção de enzimas ariloxialcanoato dioxigenase (aryloxyalkanoate dioxygenase, AADs), as quais são capazes de degradar o 2,4-D. Descobriu-se que outras dessa mesma classe podem agir sobre diferentes tipos de herbicidas muito utilizados, tais como a AAD-1, que degrada os ariloxifenoxipropiônicos e a AAD-12, que atua sobre o triclopir e o fluroxipir, ambos do grupo dos herbicidas, auxina piridiloxiacetatos.  

Por meio de plantas de milho geneticamente modificadas pela adição do gene AAD-1, foi possível demonstrar a grande resistência das mesmas aos ariloxifenoxipropionatos ao longo de quatro gerações e que as aplicações do 2,4-D não lhes causaram danos em nenhuma das fases de crescimento.  Outra espécie, a Arabidopsis, transgênica para o gene ADD-12, também se tornou resistente ao 2,4-D, ao triclopir e ao fluroxipir. Plantas de soja GM tiveram o mesmo comportamento, em relação ao 2,4-D, quando expressaram o transgene AAD-12, durante cinco gerações.  

O estudo deixou clara a eficácia do gene ADD no fator resistência a um grande leque de herbicidas usados pelos agricultores, seja para as monocotiledôneas, quanto para as dicotiledôneas. Esses resultados podem ser de grande utilidade para solucionar problemas tanto de produtividade da lavoura, quanto dos danos ao meio ambiente.

27/01/2011
Arlei Maturano - Equipe Biotec AHG