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Predisposição genética ao scrapie

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Segundo dados do IBGE (2006) o Brasil possui um rebanho com cerca de 13,9 milhões de cabeças de ovinos, perfazendo apenas 8% do rebanho mundial. No entanto, quando se analisa somente o continente americano, o país detém o 2° maior rebanho, tanto de ovinos, quanto de caprinos e aparece como o 2° maior produtor de ambos os tipos de carnes. Em termos mundiais, a Nova Zelândia e a Austrália são responsáveis por 74% das exportações de carne ovina, enquanto a União Européia, os EUA e a Arábia Saudita importam 39% do total global. 

Apesar do baixo consumo de carne ovina pelo brasileiro, quando comparado a outros países, esse quadro vem mudando lentamente nos últimos anos e a carne de ovinos, especialmente a de cordeiro, produzida sob condições técnicas para o consumo, vem alcançando bons preços de mercado, sendo muito apreciada pelos consumidores mais exigentes, que buscam um produto de qualidade.

Com a expansão da ovinocultura nacional e a busca por uma posição mais expressiva tanto no mercado interno, quanto no externo, o ovinocultor brasileiro tem que maximizar os cuidados com o manejo, nutrição e saúde dos animais. Algumas doenças que acometem os rebanhos causam prejuízos que podem levar os animais a perderem peso e até à morte.  Dentre as doenças que atingem tanto ovinos quanto caprinos, está a paraplexia enzoótica dos ovinos ou scrapie – doença do grupo das Encefalopatias Espongiformes Transmissíveis – EET, de caráter neurodegenerativo, progressivo e fatal.

Nesse sentido, diversas pesquisas vêm sendo realizadas para minimizar as perdas relacionadas ao scrapie. Umas delas foi premiada no Congresso da Sociedade Internacional de Genética Animal (ISAG), que aconteceu entre os dias 26 e 30 de julho, em Edimburgo, na Escócia. O estudo, que fez parte do projeto de pós-doutoramento da pesquisadora brasileira Patrícia Ianella, teve como objetivos realizar a genotipagem dos principais polimorfismos do gene PRNP (do inglês príon protein) e a identificação de novos polimorfismos exclusivos das raças nacionais. Esse gene está relacionado à resistência ou suscetibilidade à doença. O trabalho será publicado em breve na revista Animal Genetics, da Sociedade Internacional de Genética Animal.

As amostras de material genético foram coletadas de 1.400 ovinos de 13 raças diferentes, provenientes de diversas regiões do país. De posse das amostras, a cientista analisou as frequências de mudanças específicas no código genético, com o objetivo de avaliar que raças criadas no Brasil têm maior ou menor resistência ao scrapie.

Esse projeto trará grandes benefícios ao agronegócio brasileiro, pois possibilitará um conftrole mais rígido das raças com maior predisposição à doença, possibilitando a tomada de decisões no caso de um surto de scrapie. Levando em consideração os esforços empreendidos para que o Brasil venha a se tornar um exportador de carne ovina, os resultados desse estudo servirão como ferramenta para que a doença não se torne uma barreira comercial para os países importadores da carne brasileira.    

04/11/2010
Arlei Maturano - Equipe Biotec AHG