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Café naturalmente descafeinado é descoberto por cientistas brasileiros

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Produto pode, no futuro, ampliar o consumo deste tipo de café no globo  

A pesquisa, publicada na edição de 23 de junho da revista Nature, foi realizada pelos pesquisadores Paulo Mazzafera, do Departamento de Fisiologia Vegetal da UNICAMP, por Maria Bernadete Silvarolla e Luiz Carlos Fazuoli, do Instituto de Agronomia de Campinas (IAC). Juntos, os cientistas levaram mais de dezessete anos para encontrar a planta, procurada por estudiosos em todo o mundo.

Atualmente cerca de 10% dos consumidores de café no mundo preferem o produto sem cafeína. No entanto, o produto que hoje existe no mercado é obtido através de processos industriais que modificam propriedades como o sabor e a qualidade do café.

Encontrado em meio a mudas trazidas da Etiópia em 1965, o café naturalmente descafeínado é, na verdade, uma mutação da espécie Coffea arabica, a mais consumida no mundo. A variedade encontrada pelos brasileiros possui apenas 0,06% de cafeína, cerca de 20 vezes menos que o normal.

 

Vantagens    

A cafeína é um estimulante natural. Embora não seja considerada uma droga, a substância produz um estado de alerta e, em pessoas mais sensíveis, é capaz de causar agitação, palpitações e acelerar os batimentos cardíacos. No organismo humano, a cafeína demora cerca de seis horas para ser eliminada.

Um café naturalmente descafeinado, segundo os pesquisadores, seria ideal para as pessoas que possuem sensibilidade à cafeína. Além disso, o produto ganharia em sabor e qualidade em relação às opções existentes hoje, pois o processo atualmente utilizado para retirar a cafeína remove algumas das propriedades essenciais ao sabor do café.

Segundo os pesquisadores, o investimento neste tipo de café poderia ajudar muito a produção brasileira. Afinal, apesar de o consumo do produto ser baixo no país (cerca de 1%), nos Estados Unidos, por exemplo, esse valor pode chegar a 20% do total vendido no país.



Baixa produtividade

O produto, no entanto, deve demorar um pouco para chegar até os consumidores. O motivo é a baixa produtividade da planta, estimada em cerca de 30% do produzido pelas variedades comerciais.    Para solucionar este problema, será necessário cruzar o café descafeinado com outras variedades mais produtivas de Coffea arabica, o chamado melhoramento genético. No processo, as sementes resultantes do cruzamento são selecionadas e cruzadas novamente, e assim sucessivamente, até que atinjam as características necessárias.

De acordo com os pesquisadores, o desenvolvimento de uma variedade comercial deste café pode levar de seis a quinze anos para ficar pronto.

Mesmo assim, o interesse em produzir um café naturalmente descafeinado é grande pois, embora ainda não exista comprovação da viabilidade comercial da planta, o fato de pertencer a uma das espécies mais consumidas do mundo indicam boas chances de se produzir um café de alta qualidade.

 

 

29/06/2004
 

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