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Mofo cinzento tem genoma sequenciado

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 Para muitos que vivem das plantas ou que simplesmente cuidam delas, o mofo cinzento é um pesadelo. O fungo, igualmente conhecido por seu nome científico, Botrytis cinerea, é um flagelo que atinge mais de 200 espécies, entre plantas decorativas e alimentares, entre as quais destacam-se tomates, morangos, feijões, repolho, alface, ervilhas, pimentas e batatas.    

Apesar de ser uma doença típica de frutos, ela pode, também, afetar pecíolos folhas, botões florais, pétalas e pedúnculos, sob condições favoráveis. O fungo cinzento envolve seu alvo em um torno véu e liberta uma toxina que envenena as células das plantas hospedeiras, podendo levá-las à morte. A infecção, geralmente, inicia-se em um tecido debilitado, especialmente em pétalas senescentes, e, depois, infecta os tecidos saudáveis do fruto. 

A doença pode destruir botões florais e frutos verdes, no entanto, na maioria das vezes, as infecções permanecem latentes, e os sintomas manifestam-se somente no início do amadurecimento dos frutos.

Até agora, a única forma de eliminar o microorganismo patogênico é pulverizando plantas com fungicidas, que podem ser caros e contaminar o ambiente circunvizinho. O pesquisador da Universidade de Brown, EUA, David Cane, trabalhando com pesquisadores da França e da Espanha, determinou como a toxina mortal do fungo é feita e como é possível desarmá-la naturalmente. A partir de um artigo publicado na ACS Chemical Biology, os pesquisadores identificaram um conjunto de genes que produz a toxina e o gene central utilizado pelo fungo para elaborar a síntese do veneno. 

No estudo, mostrou-se que, “desligando” esse gene, é possivel que o fungo interrompa completamente a produção da toxina. Isso permite remover sua “arma especial”, usada para matar e invadir as células das plantas-alvo.

Para os autores, esse trabalho já é uma importante etapa, no sentido de desarmar naturalmente a toxina, com uma combinação que envolve manipulação química e seqüencias de DNA. Um dos pesquisadores franceses e co-autor do trabalho, Muriel Viaud, começou determinando a seqüência completa do DNA da Botrytis cinerea. Trabalhando com o pesquisador espanhol Isidro Collado, também co-autor do trabalho publicado, eles focalizaram a atenção no agente químico botrydial, que o fungo cinzento usa para oprimir as plantas-alvo.

O processo é catalisado pela enzima sesquiterpene cyclase, observada pela equipe de Cane. O líder da pesquisa explica que os caminhos metabólicos para criar compostos orgânicos envolvem conjuntos de genes, sendo que uma grande vantagem desse tipo de pesquisa é o fato de esses agrupamentos serem encontrados em vários lugares.

Nas análises laboratoriais, Cane e sua equipe introduziram um gene mutante, capaz de suprimir a sesquiterpene cyclase. Assim, conseguiram parar completamente a produção da toxina. Cane sublinha que é possível inibir a enzima e eliminá-la. O Instituto Nacional de Saúde dos EUA, o Instituto Nacional de Pequisa Agronômica (Inra), da França, e os Ministérios da Educação e da Ciência da Espanha financiaram a pesquisa. A equipe, agora, está trabalhando em um procedimento similar para abordar uma estirpe da Botrytis cinerea, capaz de produzir botrydial.

11/12/2008
 

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