Logotipo Biotec AHG

Pesquisa ilustra análise sobre importantes herbicidas

Imprimir .
Os herbicidas, produtos químicos utilizados na agricultura para o controle de ervas daninhas, podem ser classificados como residuais e de contato. Os herbicidas residuais, de uso geral na produção de milho e de soja, são detectados freqüentemente em rios, córregos e em reservatórios de água. Concentrações desses resíduos que excedem os padrões legais são observadas em vários países e são geralmente comuns nas áreas de plantio dessas duas culturas. Quando os aqüíferos são usados como fontes de água para consumo, as contaminações podem conduzir a custos relacionados a tratamentos ou a uma necessidade de procurar fontes alternativas. Adicionalmente, tais herbicidas podem ter efeitos negativos nos ecossistemas aquáticos, mesmo em concentrações bem abaixo dos padrões de água exigidos para consumo.

A partir da década de 90, os herbicidas residuais, que são quimicamente problemáticos, sobretudo do ponto de vista ambiental, foram progressivamente substituídos pelos herbicidas de contato, usados em culturas como o milho (Zea mays L.), a soja [Glycine max (L.) Merr], e em muitas outras geneticamente modificadas. Em 2004, quase 90% da soja cultivada nos EUA foi modificada geneticamente para a tolerância ao herbicida de contato glifosato (Roundup), conhecido quimicamente por N-(fosfonometil) glicina, C3H8NO5P, sendo atualmente o herbicida mais utilizado no mundo nos campos de soja, sobretudo para matar ervas, principalmente as perenes. 

Em um estudo que durou quatro anos, pesquisadores da USDA-ARS, EUA, compararam impactos relativos a ambos os tipos de herbicida, quando aplicados em doses normais, em plantios de milho Liberty-Linked e de soja Roundup Ready. Publicado no Journal of Environmental, o estudo dos pesquisadores Martin Shipitalo e Lloyd Owens, especializados em questões ligadas ao solo, com a colaboração do engenheiro agrônomo Roubo Malone, notaram que o impacto dos herbicidas de contato em fluxos de água eram geralmente muito menores do que aqueles provocados pelos herbicidas residuais. Os dados foram analisados através da porcentagem da quantidade de herbicida aplicada. Calculada a média de colheita de todos os anos para a soja, o impacto do glifosato foi de aproximadamente 70% inferior em comparação ao metribuzin, e 50% inferior se comparado ao alachlor, ambos herbicidas residuais substituíveis por produtos menos agressivos. Igualmente, o impacto do herbicida glufosinato (Liberty), usado no cultivo de milho, foi 40% inferior em comparação ao atrazine, herbicida residual do milho e do sorgo que pode também ser substituído por agentes menos nocivos. 

Martin Shipitalo, líder do projeto, disse à Sociedade Americana de Agronomia que “as concentrações dos herbicidas de contato em fluxos de água nunca excederam seus padrões estabelecidos para águas de consumo, situação não observável para os herbicidas residuais, sobretudo quando as análises foram realizadas após a aplicação dos herbicidas”. 

As concentrações de atrazine em águas de superfície eram até 240 vezes superiores em comparação às do padrão para água de consumo, enquanto que as concentrações de alachlor eram até 700 vezes superiores. Inversamente, a concentração máxima do glifosato era quase quatro vezes menor do que a padrão. Em relação ao glufosinato, não há, atualmente, qualquer padrão de uso estabelecido. O que se sabe, todavia, é que sua detecção foi observada 80 dias depois de ter sido aplicado. 

À luz dos incentivos econômicos, objetivando o incremento das culturas de milho e soja para a produção do biodiesel, os resultados do projeto sugerem, aos produtores e à comunidade reguladora, que as perdas provocadas pelo herbicida e as concentrações em águas de superfície possam ser reduzidas plantando variedades tolerantes a herbicidas e substituindo alguns dos herbicidas residuais por herbicidas de contato.

  
23/04/2008
 

 © BIOTEC AHG 2023 - Todos os direitos reservados - São Paulo, Brasil.