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Enzimas celulares tornam tomate mais susceptível à “podridão cinzenta”

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Umas das principais preocupações dos produtores agrícolas são os efeitos das perdas econômicas na pós-colheita, levando em consideração fatores como transporte e comercialização. Os principais agentes que participam desse canal de comercialização são o produtor, o intermediário (quando há) e o varejista e/ou atacadista. Entre outros fatores de grande relevância estão o tipo de produto, o qual pode ser mais ou menos resistente, o estágio de maturação (no caso de frutas e legumes), a forma de armazenamento e de fatores ambientais como a temperatura e umidade. 

Com o avanço do estágio de amadurecimento de produtos como as frutas e os frutos, por exemplo, eles vão se tornando mais próprios para o consumo (mais macios e saborosos), ao mesmo tempo, tornam-se mais vulneráveis ao ataque de microorganismos patógenos, os quais os deterioram diminuindo sua qualidade. A queda na qualidade os tornam impróprios para o consumo.

Levando em consideração a magnitude que essas perdas agrícolas tomam na economia de um país é que a pesquisa desenvolvida por cientistas da Universidade da Califórnia, EUA, tem grande importância. Os cientistas utilizaram o tomate, um fruto do tomateiro (Solanum lycopersicum), para testar se duas enzimas, poligalacturonase (PG) e expansin (Exp), influenciam o aumento da susceptibilidade dos frutos em amadurecimento. Essas duas enzimas estão presentes na parede celular (PC) e, individualmente, contribuem para o amadurecimento dos frutos. Esse processo se dá pela quebra da estrutura das paredes celulares. 

Com o objetivo de avaliar o papel destas enzimas os pesquisadores utilizaram duas variedades de tomateiros transgênicos, uma delas foi alterada para que não produzisse a enzima PG (LePG) e a outra deixaria de produzir a enzima Exp (LeExp). O líder da pesquisa Ann Powell, realizou o cruzamento entre as duas variedades obtendo uma terceira, a qual se caracterizava por não produzir nenhuma das duas enzimas. Além desses três grupos também existia um grupo controle, ou seja, sem alteração em seu genoma.    As três variedades de tomate, mais o controle foram inoculados com o fungo da espécie Botrytis cinerea, causador da podridão em alguns tipos de frutos e legumes. Os resultados das pesquisas mostraram que as duas variedades, nas quais foram suprimidas apenas uma das duas enzimas não mostraram queda na vulnerabilidade ao ataque do fungo, já a variedade na qual as duas enzimas foram suprimidas, tornou-se resistente ao fungo. De acordo com o cientista Powell, os resultados mostraram que as duas enzimas, provavelmente, atuem de forma conjunta na desestruturação da parede celular, deixando os frutos mais susceptíveis ao fungo.  

Botrytis cinerea

O fungo utilizado pelos pesquisadores causa a conhecida “prodridão cinzenta” dos vegetais. Esse fungo se propaga com maior facilidade em ambientes que favoreçam a ocorrência de fatores como, elevada umidade relativa do ar, grandes quantidades de chuva e altos teores de matéria orgânica no solo. Entretanto, os efeitos da “podridão cinzenta” podem ser desejados, como é o caso da “podridão nobre” que ocorre em vinhas para a produção de vinhos licorosos. 

07/02/2008
Arlei Maturano - Equipe Biotec AHG
 

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