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Técnica de bioengenharia ajuda a produzir bioinseticida

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O uso de defensivos agrícolas para o controle de pragas que atacam as lavouras é muito comum entre a grande maioria dos agricultores. Essa prática, apesar de eficiente, apresenta inúmeras desvantagens, tais como o alto custo, a poluição ambiental, a possível intoxicação alimentar devido aos resíduos que permanecem nos alimentos, entre outras. Além disso, a maior parte desses produtos não é totalmente seletiva, ou seja, não elimina apenas a praga específica daquela lavoura.

A morte de insetos considerados inimigos naturais das pragas agrícolas ocasiona um desequilíbrio natural, em vista disso, uma das alternativas que vêm sendo pesquisadas para o controle de pragas é o uso dos bioinseticidas ou do controle biológico.  O mecanismo do controle biológico se dá pela utilização de um organismo (predador, parasita ou patógeno) para controlar ou eliminar outro organismo que esteja causando prejuízo econômico às lavouras.  

Algumas dessas pragas possuem inimigos naturais, os quais exercem o papel de controle de indivíduos na população, entretanto, sua eficiência, quando comparada aos defensivos agrícolas, é muito menor. Espécies de fungos como o Metarhizium anisopliae que ocorre naturalmente, é usado como controle de pragas agrícolas e mosquitos, mas com eficácia limitada.

Com o objetivo de aumentar a eficácia de atuação do fungo M. anisopliae, no controle biológico de alguns tipos de pragas agrícolas, o professor de entomologia, Raymond St. Lege da Universidade de Maryland, EUA, e seu colega Chengshu Wang, da Academia Chinese de Ciências utilizaram os genes produtores da neurotoxina (AaIT) de escorpiões da espécie Androctonus australis. A pesquisa foi publicada na edição de novembro da revista Nature Biotechnology

A técnica que o professor St. Leger utilizou para produzir um fungo mortal para as pragas, foi a de criar um gene sintético do escorpião e inserí-lo no fungo. No entanto, para que o fungo possa utilizar esse gene, Leger criou um mecanismo que permite que o fungo tenha condições de produzir a toxina, e que foi conhecido como “interruptor liga/desliga”. 

O processo de produção da toxina pelo fungo ocorre mediante uma condição específica, ou seja, quando estiver na hemolinfa do inseto. O papel do fungo neste processo é o de transportador da toxina.  A hemolinfa é um fluído que exerce as mesmas funções que o sangue dos vertebrados, porém de composição química diferente e presente em invertebrados, artrópodes e alguns moluscos. Esse fluído preenche o interior do corpo do animal e circunda todas as células.

O professor St. Leger testou a eficácia do fungo com o gene para produção da toxina (AaIT), contra a lagarta da folha do tabaco (Manduca sexta) e contra o mosquito transmissor da dengue (Aedes aegypti). Os resultados mostram que a toxicidade do fungo ficou vinte e duas vezes maior contra a lagarta e nove vezes contra o mosquito da dengue, sem que o fungo deixasse de ser espécie-específico.

   
21/11/2007
Arlei Maturano - Equipe Biotec AHG
 

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