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Novas toxinas desenvolvidas matam insetos resistentes ao Bt

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Uma nova forma de combater pragas resistentes foi descoberta a partir do inseticida natural amplamente utilizado, o Bt. Observando como as toxinas do Bt atuavam nas células do intestino dos insetos, uma equipe de investigação do México e EUA conseguiram projetar novas toxinas. 

Alguns insetos desenvolveram resistência às toxinas do Bt visto que, os inseticidas naturais usados em todo o mundo para combater pragas das colheitas, tais como mosquitos do algodão e do milho, deixaram de ter eficiência.

"Esta é a primeira vez que se tem conhecimento de como as toxinas do Bt trabalham e como os insetos tornando-se resistentes, podem ser usados para projetar novas toxinas" disse Bruce Tabashnik, membro da equipa de investigação da Universidade do Arizona em Tucson (EUA) à Sciencedaily.

A descoberta é importante para áreas em expansão de algodão tais como México, Texas e Arizona. Mais de 90 por cento do algodão plantado no Arizona, aproximadamente 200.000 acres, é constituído pelo algodão Bt. "Nosso objetivo é controlar insetos de acordo com o meio ambiente, de forma que possamos limitar o dano que os insetos causam às colheitas, e também que esses insetos não transmitam doenças às pessoas", disse Tabashnik, responsável pelo Departamento da Entomologia do UA e membro do Instituto UA BIO5.     "As toxinas do Bt são muito importantes porque matam somente determinados insetos e não prejudicam outros organismos vivos. Estas novas toxinas projetadas nos dão outra solução a favor do meio ambiente para controlar os insetos."

A equipe mexicana desenvolveu as toxinas através da manipulação do gene que codifica para a toxina, uma proteína. Os pesquisadores trabalharam então com Tabashnik para testar suas toxinas modificadas nas colônias da larva cor-de-rosa resistentes ao Bt, principal praga do algodão.

Alejandra Bravo, membro da equipa e pesquisadora da Universidade Nacional Autônoma do México (UNAM) referiu que "propusemos que ao mudar uma parte pequena da toxina mataríamos o inseto - e nós conseguimos isso." O artigo da equipe, "Projetando toxinas modificadas do Bt para conter a resistência do inseto" será publicado na Science Express (versão eletrônica da Revista Science).

A colaboração entre a equipe de biólogos moleculares da UNAM e o perito americano em evolução da resistência da praga aconteceu acidentalmente. Mario Soberón e Alejandra Bravo, marido e esposa, tinham convidado Tabashnik para dar uma conferência em Cuernavaca, México, sobre toxinas bacterianas e a solução do Bt.

Soberón sugeriu mais tarde que Tabashnik colaborasse no projeto para testar suas toxinas em insetos resistentes. "Era a aliança perfeita" disse Tabashnik. "Nós sabíamos o que fazia nossas larvas resistentes, e eles supunham que suas novas toxinas poderiam superar a resistência".

A descoberta foi baseada na compreensão de uma molécula do receptor de membrana do intestino dos insetos chamada “cadherin”. A “cadherin” normal liga-se a toxina do Bt num modelo de chave-fechadura. 

As moléculas de toxina sedimentam e formam poros nas membranas celulares do intestino dos insetos. Os poros fazem com que os materiais fluam caoticamente dentro e fora das células. Em conseqüência as células sucumbem e finalmente o inseto morre.

Tabashnik e seus colegas, Tim Dennehy e Yves Carrière, souberam que as larvas cor-de-rosa resistentes ao Bt mantidas em seus experimentos, tiveram uma versão mutante do “cadherin”. Segundo Tabashnik, "Estes insetos resistentes têm mudanças genéticas, as mutações, que alteram o modelo chave-fechadura. 

Os cientistas já iniciaram uma patente multinacional para as novas toxinas. UNAM é a organização da ligação na patente. Combater as pragas Bt-resistentes sem uso de inseticidas de largo-espectro podem fazer a agricultura mais segura para trabalhadores de exploração agrícola, melhor para o ambiente e mais rentável para cultivadores, disse Tabashnik.

  
08/11/2007
 

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