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A procura de uma solução para o mosaico do mamoeiro

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No Brasil na década de 60, o Estado do São Paulo era o principal produtor de mamão (Carica papaya). Até que em 1969 foi realizada a primeira constatação da doença “mosaico do mamoeiro”, uma doença de origem viral conhecido internacionalmente por Papaya ringspot vírus - type P (PRSV-P) e que continua sendo um fator limitante da produção dessa cultura em diversos países onde ocorre. 

Dessa forma, a cultura do mamão foi forçada a migrar para outras regiões do país, na tentativa de controlar a doença. Assim, o mamoeiro passou a ser cultivado no Estado do Espírito Santo. Devido a essa característica endêmica do mosaico, tem-se preconizado que as investigações de medidas de controle devem ser desenvolvidas de modo que funcionem em convivência com a presença do patógeno. 

A BIOTEC AHG falou com a pesquisadora Adriana G. Moreira (doutoranda em fitopatologia) da ESALQ que explicou-nos a necessidade urgente de se iniciar estudos para a caracterização biológica, sorológica e molecular dessas formas menos severas do vírus que estão presentes nesses pomares. Além de avaliar a sua estabilidade e poder invasivo nas plantas de mamoeiro, bem como o seu efeito protetor contra formas severas ainda presentes no Estado, de tal sorte que estratégias de inoculação massal de mudas com essas formas atenuadas possam ampliar o seu benefício e eliminar ou minimizar a necessidade de erradicação para o controle da doença.  

O projeto liderado na ESALQ pelo professor Jorge A. M. Rezende e, no Espírito Santo, pelo pesquisador José A. Ventura, do Instituto Incaper estão sendo realizados na Esalq, porém as amostras são provenientes do estado do Espírito Santo e “processadas” em Piracicaba. O Laboratório de Virologia Vegetal, pertencente ao setor de Fitopatologia da ESALQ além de trabalhar com o mamoeiro também trabalha com viroses de cucurbitáceas, de maracujazeiro e de tomateiro. A linha central de pesquisas é em pré-imunização, principalmente para controle das viroses em cucurbitáceas com resultados extremamente satisfatórios nos últimos anos, principalmente para abobrinhas. 

Atualmente, o laboratório está em parceria com uma empresa privada, ainda em nível de estudos em campo, porém, diretamente aplicada ao produtor rural, para a fabricação de kits para pré-imunização de cucurbitáceas para dois diferentes vírus. A idéia é lançar esses kits para os produtores e, posteriormente, para uma maior variabilidade de espécies virais que causam doenças limitantes para essas culturas. 

“O que buscamos são soluções para a agricultura brasileira e também soluções ou comprovações acadêmicas de algum problema na área de fitopatologia”, ressaltou Adriana. “Algumas pretensões são de conseguirmos uma estirpe fraca, protetora, estável e efetiva para o controle dos vírus do mosaico do mamoeiro (PRSV-P). Outros aspectos que pretendemos elucidar é como se dá o mecanismo de proteção de plantas por pré-imunização, ou seja, testar hipóteses sobre os possíveis mecanismos de proteção, entre eles o silenciamento gênico”. 

“Se conseguirmos isolados fracos do vírus com efeito protetor, os produtores de mamão serão os maiores beneficiados”, explicou Adriana. “O que aconteceu no estado do ES até hoje não foi constatado por mais ninguém, um fato inédito e pioneiro: uma prática agrícola que selecionou formas menos agressivas de um vírus devido a uma pressão de seleção imposta. Ou seja, temos formas mais fracas do vírus do mosaico do mamoeiro ocorrendo naturalmente no campo”, frisou Adriana. 

“Mas, mesmo se não conseguirmos isolados protetores, os estudos para a caracterização biológica, sorológica e molecular dessas formas menos severas do vírus que estão presentes nesses pomares, a sua estabilidade e poder invasivo nas plantas de mamoeiro, são importantes para uma avaliação desse “novo” patossistema que está ocorrendo. Além do que, mesmo que nesses estudos nós não consigamos identificar nenhum isolado com efeito protetor, ainda assim continuamos com a aplicação da prática do rouging para que, de tal sorte daqui a mais alguns anos, com mais pressão de seleção (devido ao rouging) consigamos naturalmente uma forma fraca, estável e protetora do vírus PRSV-P”, concluiu Adriana.

  
25/07/2007
 

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